São Paulo, domingo, 12 de outubro de 1997
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Episódio mostra despreparo

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O episódio do sangue vem revelando um outro lado do descaso e dos cochilos da vigilância: a desinformação das autoridades da Saúde.
O pontapé foi dado pelo novo coordenador de Sangue e Hemoderivados, Hélio Moraes. Na quarta-feira, ele anunciou para o país que a vigilância não tinha poderes para fiscalizar bancos de sangue privados.
A fiscalização está prevista em lei da década passada.
No dia seguinte, o ministro repetiu a gafe dizendo que era preciso criar leis que enquadrassem os bancos privados.
Quatro dias antes, foi a vez do ex-coordenador Dalton Chamone. Em entrevista, ele anunciou que o sangue contaminado pelo HIV já tinha feito 2.000 vítimas no país, todas infectadas depois de 1990. O dado consta de boletins do DST-Aids publicados bimensalmente há sete anos. São notificações de Aids, o que significa que a maioria recebeu sangue com vírus há quase uma década.
O ministro repetiu a dose ao dizer que o país não tinha controle de seus contaminados em transfusão. Seus assessores esqueceram de informá-lo que os números foram produzidos pelo Programa de Aids, órgão de seu próprio ministério. (AURELIANO BIANCARELLI)

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