São Paulo, domingo, 12 de outubro de 1997
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Emprego industrial

ÁLVARO ANTÔNIO ZINI JR.

A economia brasileira vem passando por transformações importantes na sua estrutura produtiva e na oferta de empregos. Um dos aspectos mais visíveis dessas mudanças é a menor oferta de empregos no setor industrial; os jornais têm noticiado a perda de cerca de 67 mil empregos na indústria nesse ano.
A perda de empregos no setor industrial é um processo que se observa em quase todos os países industrializados e em vários países em desenvolvimento mais avançados. Em comum há o fato de que os ganhos de produtividade na indústria, com os novos processos industriais altamente informatizados, representa uma profunda mudança tecnológica que ainda deve avançar mais.
Por exemplo, os empregos na indústria nos países industrializados eram 28% dos postos de trabalho em 1970 e caíram para 18% em 1994. Já o valor agregado pelo setor sobre o PIB total cai quando medido a preços correntes, mas cai bem menos quando medido a preços constantes de um dado ano. A razão dessa divergência é que os preços relativos do setor industrial tendem a diminuir comparados aos de outros setores pelos ganhos mais rápidos de produtividade. Assim, quando se mede a contribuição do setor a preços de cada ano (preços correntes), o valor agregado pelo setor tende a diminuir.
Na América Latina, a participação da indústria no PIB também vem caindo. Essa participação era de 33% do PIB do Brasil em 1980 e caiu para cerca de 25% em 1995. Na Argentina, o recuo foi de 29% para 20% no mesmo período.
A maior parte dos empregos perdidos na indústria terá de ser compensada por ocupações no setor de serviços. Mas no Brasil tende-se a pensar esse setor como sendo quase exclusivamente o comércio. Ora, há limites na criação de empregos no comércio também.
Os dois setores que podem empregar mais gente são profissionais de apoio na área de saúde e na educação. A população vem demandando mais atenção a essas áreas, mas, infelizmente, prefere-se dar grandes incentivos fiscais a montadoras de automóveis em vez de dedicar mais recursos aos setores mencionados.
Na medida em que o país cresça, será necessário gastar mais com saúde e educação. Falta o governo acordar para essa realidade.

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