São Paulo, domingo, 12 de outubro de 1997
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Empresas acolhem menores carentes

IBGE estima que elas são 4,5 milhões

CARLA ARANHA SCHTRUK
DA REPORTAGEM LOCAL

O batalhão de crianças entre 5 e 14 anos que trabalham chega a 4,5 milhões no país, segundo dados do IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Com educação e formação profissional inadequadas, o destino dessas crianças parece traçado.
Algumas empresas estão acordando para o problema, ainda que a timidez dos programas e a falta de uma política governamental efetiva façam com que essas iniciativas tenham a proporção de uma gota no oceano.
Ana Maria afirma que pelo menos três empresas são consideradas modelo nesse campo: CESP (Companhia Energética de São Paulo), Dacalda Açúcar e Álcool e Brasif. Os cursos são gratuitos e, para participar, o menor tem de estar estudando.
No centro de iniciação ao trabalho da CESP, o aluno tem curso de português, matemática e informática, com duração de três meses. Há também um circo-escola. São 13 programas, que atendem cerca de 4.500 menores entre 1 e 18 anos.
Mais ação
O programa da Dacalda Açúcar e Álcool, do Paraná, dura dois anos. O adolescente sai com diploma de técnico. Os participantes recebem meio salário mínimo, no primeiro ano, e 75% do mínimo, no segundo. Participam cerca de dez menores (14 anos no mínimo) por ano.
A Brasif (grupo que inclui as lojas Duty Free dos aeroportos) tem um programa de capacitação profissional no Rio (RJ) e em Belo Horizonte (MG), desde 1995.
No Rio, o programa forma mão-de-obra para o comércio e a indústria; em Belo Horizonte, para a área rural. São 25 vagas/semestre para menores de 14 a 17 anos.
Segundo o coordenador do programa, José Carlos Roça, dos 75 formados até agora, 50 estão empregados. "Esses meninos estão doidos para trabalhar. Falta é qualificação", afirma.
Pesquisa do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) mostra que os menores trabalhadores do país ganham menos de R$ 120 para fazer serviço de adulto (veja quadro com alguns resultados).
O estudo, finalizado em junho de 96 em seis capitais do país, revela, ainda, que esses menores encaram o batente pelo menos sete horas diárias, sem férias.

LEIA MAIS sobre trabalho infantil na pág. 3

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