São Paulo, domingo, 12 de outubro de 1997 |
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Neneh Cherry mostra que é legítima diva pop
ERIKA PALOMINO
Neneh Cherry arrebentou. Em seu show, anteontem à noite, no Palace, durante o Free Jazz Festival, provou ser uma legítima diva do pop dos nossos tempos. Botou fogo na platéia com seus olhares marotos, jeito de moleque e sensualidade à prova de qualquer brasileira. Destilou seus hits provocando intimidade e carinho junto a uma platéia quente e receptiva. Com uma hora e meia de atraso, depois de sofrer crises de diarréia durante o dia, abre o espetáculo com frases de sua já clássica "Buffalo Stance". Entra direto para "Manchild", de seu primeiro disco, "Raw Like Sushi" (89). Rapper O povo reage já no seu primeiro rap, que detona com gestual de rapper mesmo e muita moral. Levanta levemente a saia, passa a mão no sexo, rebola e fecha os olhos. Neneh Cherry está de tênis azul Adidas, saia rodada e blusa preta. Descansada, revela uma barriguinha de mãe de três filhos. Streetstyle. Em "I've Got You under My Skin", já está tão à vontade que canta com uma toalha na cabeça. A mesma com que passa o resto do show, enrolada sobre os ombros. Chega logo a constatação de que, por trás da garota bonitinha que lembramos do videoclipe, tem uma cantora de verdade, vigorosa experiente e segura. Arranha um pouco de espanhol e emociona a todos com a canção "Somedays". Maloqueira Em outro hit, "Bestiality", canta apenas sobre uma guitarra. Maloqueira, tira o sapato e bebe cerveja com o pessoal da fila do gargarejo. Só então vem "Buffalo Stance", em versão anos 90, mais pesada, com mais peso na guitarra, no baixo e na bateria. Faz todo mundo pular, como num grande show de rock. A linda balada "Woman", carro-chefe de seu último disco ("Man", lançado no ano passado), surge sutil, feminina e intensa. "Este é um mundo das mulheres, este é meu mundo", canta Neneh Cherry. Ela vive isso todo o tempo. É um dos mais bonitos momentos do show, emocionante e sincero. Ao final, estendido, ela junta a famosa frase "No Woman No Cry". Perfeito. Performance feliz A próxima, que encerra oficialmente seu ato, é "Seven Seconds", que originalmente foi gravada, em parceria com o senegalês Youssou N'Dour, três anos atrás. Mesmo melancólica, a música vem feliz, como de resto toda a performance da cantora. Seu final é acelerado na batida, levando o público ao êxtase. Delícia. Texto Anterior: Brilho de Chestnut ofusca Diana Krall Próximo Texto: Goldie instala o conceito de superstar dos anos 90 Índice |
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