São Paulo, segunda-feira, 13 de outubro de 1997
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Clinton chega à Venezuela, prega união e ouve crítica à globalização

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente dos EUA, Bill Clinton, começou ontem sua primeira viagem à América do Sul pregando a união continental "do Alasca à Patagônia". Ouviu crítica do anfitrião, o presidente venezuelano Rafael Caldera, aos riscos da globalização, que os EUA lideram.
Clinton chegou às 14h30 (16h30 em Brasília) a Caracas.
"O processo de globalização avança e sabemos que os EUA podem jogar um papel para que ele seja em benefício de todos e não para que agrave as diferenças entre os seres humanos", discursou Caldera, 81. O presidente venezuelano reafirmou o compromisso de seu país contra os males que "ameaçam destruir as reservas morais", como corrupção e narcotráfico.
Após o breve discurso de Caldera, Clinton, 51, começou sua fala. Fez uma saudação em espanhol ("saludos, amigos") e continuou em inglês. Defendeu uma comunidade que vá "do Alasca (Estado norte-americano no noroeste da América do Norte) à Patagônia (extremo sul da Argentina)". "É a nossa oportunidade para o novo século", afirmou.
O norte-americano saudou as democracias da região. "Todos os países, menos um (a Cuba comunista, sob embargo econômico dos EUA há quase 40 anos), são democráticos. O livre mercado substituiu as economias dirigidas e derrubamos barreiras comerciais."
Aproveitou a comemoração do descobrimento da América para dizer que se sentia como "os primeiros exploradores que chegaram a essas terras e que viram um novo mundo que estava se formando". Cristóvão Colombo chegou ao Caribe em 12 de outubro de 1492.
'Unir a América'
Clinton elaborou um paralelismo histórico para fazer sua defesa da polêmica Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
"Quando chegaram, os primeiros exploradores não distinguiram o norte e o sul da América, para eles isso era o novo mundo. Agora temos a oportunidade de unir de novo a América", afirmou.
O presidente dos EUA pediu que a região continue a avançar nos campos da educação, saúde, meio ambiente e direitos humanos.
Na sequência, elogiou o país que o recebeu. "Os EUA estão orgulhosos de sua associação com a Venezuela, que vai desde a fé na democracia e na vontade de combater o crime e a corrupção até o desenvolvimento energético e da proteção do meio ambiente", disse Clinton, completando a lista de cooperações: "Música e beisebol".
A referência à energia se deve ao comércio de petróleo. A Venezuela ultrapassou recentemente a Arábia Saudita no fornecimento do produto para os EUA -com a vantagem de estar numa região tranquila do ponto de vista geopolítico e mais próximo dos compradores. O beisebol é um dos esportes prediletos venezuelanos.
Clinton aterrissou com o avião presidencial Air Force One no aeroporto internacional Simon Bolívar, a 25 km de Caracas.
Recebido pelo chanceler Miguel Burelli Rivas, o presidente e a primeira-dama Hillary Clinton embarcaram em um helicóptero em direção à base aérea Generalíssimo Francisco de Miranda.
Na base, que fica à leste de Caracas, Clinton e Hillary eram aguardados pelo presidente Caldera e autoridades. Ao todo, 260 soldados participaram da cerimônia de chegada do norte-americano, que contou também com a presença de 150 estudantes com bandeiras.
Desde anteontem o Exército venezuelano patrulha as ruas de Caracas. Clinton ficará pouco menos de 24 horas na cidade: parte no começo da tarde de hoje com destino a Brasília. Na Venezuela, Clinton assinará seis acordos, com destaque para uma ação conjunta no combate ao crime organizado.

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