São Paulo, segunda-feira, 13 de outubro de 1997 |
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BC quer limitar bancos nas privatizações
CHICO SANTOS
O setor pretende continuar participando da compra de estatais, especialmente no setor de telefonia, mas pode esbarrar na intenção do BC (Banco Central) de restringir a compra de empresas não-financeiras pelo setor bancário. A preocupação do BC é de evitar que os bancos fiquem com parcelas excessivas dos seus patrimônios investidas em capitais de empresas e não tenham liquidez (disponibilidade de dinheiro) para pagar a seus clientes em momentos de crise, como ocorreu com o Banco Econômico. Outro lado da mesma moeda que o BC quer evitar é o investimento de muito dinheiro dos bancos em projetos de difícil maturação e que acabem contaminando a saúde financeira do próprio banco. O exemplo típico é do Bamerindus com a Inpacel, empresa do ramo de papel e celulose que agora é uma estatal forçada, ao menos até quando o BC conseguir vendê-la. O ex-presidente do BC Gustavo Loyola disse, pouco antes de sair do governo, que o projeto de limitar a participação dos bancos em capitais de empresas não-financeiras deveria ser uma prioridade do Banco Central. Para Loyola, a participação dos bancos nas privatizações não pode ser usada como argumento para que não sejam impostos limites a eles. Segundo o ex-presidente do BC, as privatizações representaram uma situação especial, até porque o próprio governo havia imposto aos bancos a compra de CPs (Certificados de Privatização), títulos que só poderiam ser usados na compra de estatais. A atual gestão do BC ainda não está trabalhando diretamente no projeto nem tem um modelo definido para os limites que deverão ser impostos aos bancos. Prioridade Mas o assunto é considerado prioritário dentro das medidas preventivas a serem tomadas para evitar problemas como os ocorridos recentemente na hipótese de uma nova, hoje considerada remota, crise bancária no país. A legislação brasileira é considerada pelo BC a mais liberal em termos de permitir a compra por bancos de empresas não-financeiras, não proibindo nada. Nos Estados Unidos, modelo do capitalismo mundial, a proibição é total, segundo o BC. A Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) não gostou dos primeiros sinais dados pelo BC sobre o que ele gostaria que fossem os limites aos seus investimentos fora da área financeira. Para um operador do sistema bancário que preferiu não se identificar, o setor não pode perder a capacidade potencial de investimento. Radicais Segundo informações da Febraban, as primeiras propostas apresentadas pelo BC para exame do setor eram radicais, envolvendo proibições e estabelecimento de prazos curtos para que os bancos vendessem suas participações já compradas. A posição da entidade é que qualquer medida que venha a ser tomada não pode ser retroativa, obrigando os bancos a vender seus investimentos com prejuízos, diante da pressa. A Febraban se diz aberta a discutir com as autoridades uma saída que imponha limites e aprovisionamentos, desde que ela não impeça os bancos de investir onde desejarem. Texto Anterior: Clinton e Caldera discutem parceria; Misses integram grupo de recepção; Hillary vai premiar ação de 2 Estados; Sambista protesta contra segurança; Comerciante faz protesto Brasília; Porta-voz diz que AL é importante Próximo Texto: Líder em investimento sai de empresa privatizada Índice |
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