São Paulo, segunda-feira, 13 de outubro de 1997
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Projeto leva interiorano a museus de SP

MARISTELA DO VALLE
DA REPORTAGEM LOCAL

"O Memorial da América Latina é maior que Guararapes", comentaram, brincando, adolescentes que vieram a São Paulo na semana passada para conhecer museus.
Os jovens enfrentaram oito horas de ônibus entre Guararapes (585 km de São Paulo) e a capital para participar do "Caminho das Artes", atividade gratuita oferecida pelo Sesc (Serviço Social do Comércio) e pela Secretaria Estadual da Cultura que inclui visitas aos principais museus da cidade.
Muitas vezes, os próprios paulistanos não conhecem os locais que fazem parte da programação do projeto: Masp, Pinacoteca do Estado, Palácio dos Bandeirantes, museu do Ipiranga, Museu de Arte Moderna, Museu de Arte Sacra, Museu da Imigração e o memorial.
Os passeios começam sempre no memorial, às 9h, e seguem para o Ipiranga. Depois, todos almoçam no Sesc do Carmo, e, à tarde, cada grupo vai para um museu.
"Eu nunca tinha visitado um museu na minha vida e gostei muito", conta Fabiano Soares, 19, ao sair do pavilhão de criatividade do memorial. "Arte é bom porque desenvolve a criatividade do adolescente", completa.
No local, há uma exposição de fotos de Che Guevara, personagem até então desconhecido de parte do grupo. "Estou boiando mais aqui do que na água", conta Léia Cássia Alves Brito, 17.
Já Prisciane Alessandra Correa, 16, ficou impressionada com as figuras mexicanas: "Que diabólico, né?" Depois da explicação da guia, ela afirmou: "No começo, fiquei com um pouco de receio, mas depois fiquei sabendo que isso faz parte da cultura deles".
Tour por São Paulo
No ônibus que levou um grupo de Águas de São Pedro (200 km de São Paulo) ao museu do Ipiranga, o divertido guia Alexandre Biondi, 20, contava a origem dos nomes de alguns logradouros de São Paulo enquanto passava por eles.
Algumas de suas versões, porém, foram contestadas pela professora de toponímia (estudo da origens dos nomes) da USP Maria Vicentina do Amaral Dick, que foi consultada pela Folha.
Segundo Biondi, por exemplo, a praça da República tem esse nome porque tinha um bar onde os republicanos se encontravam.
Vicentina afirma que, na verdade, o nome da praça nasceu de um pedido do vereador Martinho Prado, em 1889, ano da proclamação da República.
Mas guia e professora concordam que, debaixo do viaduto do Chá, havia uma plantação da árvore que lhe dá o nome.
No parque do Ipiranga, o guia conta que o jardim foi inspirado no de Versalhes.
Os objetos do museu despertam comentários saudosistas. "Papai tinha uma bengala quase igual a essa", conta Laura Aranha, 71.
No fim da visita, as guararapenses reclamam do pouco tempo no local: "Pena que não deu tempo para tirar fotos no jardim", comenta Thaís Helena Camola, 15.
Depois do almoço no Sesc Carmo, os adolescentes de Guararapes foram à exposição da Camille Claudel, no Ibirapuera.
Enquanto o edifício da Pinacoteca do Estado é reformado, o pavilhão verde do parque abriga as obras do museu.
"Achei legal, mas não entendi algumas das obras de Claudel", diz Rafaela Oliveira, 15.
O projeto
O "Caminho das Artes" teve início no dia 2 de setembro. Durante esse mês, levou mais de 2.500 pessoas aos museus da capital.
Os ônibus que transportam os participantes são fornecidos pelas prefeituras ou pelos grupos organizadores dos passeios.
Os custos são divididos entre o Sesc e a Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo. A alimentação inclui dois lanches (um de manhã e outro à tarde) e um almoço.

Caminho das Artes - Informações: (011) 889-5600 e 889-5601

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