São Paulo, segunda-feira, 13 de outubro de 1997
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Violência transforma justiceiro em herói

DAN TROTTA
DA "REUTER", NA CIDADE DO MÉXICO

Quando dois assaltantes entraram num ônibus na Cidade do México há algumas semanas e exigiram o dinheiro de todos, o plano foi frustrado por um passageiro que sacou a arma e matou os dois.
Instantaneamente, nasceu um herói. O passageiro misterioso desapareceu sem deixar rastros, mas levou com ele a gratidão daqueles que salvara do assalto -e de milhões de outros habitantes da Cidade do México cansados da onda crescente de criminalidade.
Os tablóides apelidaram-no de "O Justiceiro Anônimo".
Com um número crescente de incidentes alarmantes, como o do justiceiro do ônibus, os crimes violentos vêm traumatizando como nunca os residentes da Cidade do México. "É a primeira preocupação da população aqui na Cidade do México", afirma o pesquisador de opinião Vicente Licona.
A criminalidade sempre esteve presente na cidade em franca expansão, mas uma mudança notável ocorreu em 1995, quando o México sofreu sua pior crise econômica desde a Grande Depressão.
Nas últimas semanas, os telejornais noturnos vêm noticiando um crescendo nas histórias violentas.
Ao vivo e em cores
O irmão do ministro das Finanças foi morto do lado de fora de sua casa no que as autoridades dizem ter sido uma tentativa de assalto.
Depois de confronto com a polícia, três jovens foram mortos. Com sinais de tortura, os corpos foram abandonados. Cinco pessoas foram mortas quando o carro em que estavam foi atingido por disparos. Segundo a polícia, foi ajuste de contas entre traficantes.
Um segurança matou dois homens que tentaram assaltá-lo no dia do pagamento. Jornalistas da área policial tornaram-se vítimas de ataques e sequestros, e policiais supostamente corruptos podem estar envolvidos.
"Nas últimas semanas, ocorreu uma grave deterioração da segurança pública em várias áreas da Cidade do México", admitiu o presidente Ernesto Zedillo.
Interrogue qualquer habitante da Cidade do México, e ele ou ela dirá que a situação tem piorado.
"Eu me sinto muito mal, assustada, e apenas me pergunto quando vão me pegar", diz Adelina Martinez, que vende cigarros e goma de mascar numa estação de metrô. "A verdade é que as pessoas se armam em autodefesa."

Tradução de Claudio Garon

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