São Paulo, segunda-feira, 13 de outubro de 1997 |
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Feridas ainda sangram no México de Paz
SYLVIA COLOMBO
Para entender isso, basta dar uma volta pelas igrejas setecentistas e anteriores, construídas pelos espanhóis na Cidade do México durante o período colonial. Embaixo de cada uma delas há ruínas de templos destruídos, antes pertencentes aos astecas e a outras populações que habitavam a região antes do descobrimento. Essa superposição não é meramente arquitetônica. Os mexicanos, extremamente católicos, encaram com muito respeito seu passado indígena, no que se refere à religião e à cultura. No Centro Histórico da Cidade do México encontra-se a catedral Metropolitana e o Palácio Nacional -sede da presidência, antes ocupado pelo palácio dos governantes astecas. O Palácio Nacional abriga murais de Diego Rivera (1886-1957), que retratou em seus trabalhos o sofrimento do povo mexicano às vésperas e durante a Revolução Mexicana (1910). Nesse movimentado local, o Zócalo, vendedores de artesanato e tacos acumulam-se. É também o local em que acontece a festa máxima do país, a que celebra a independência, em 15 de setembro. Mariachi Bem perto dali está a praça Garibaldi. Hoje predominantemente turística, o lugar é o ponto de encontro dos mariachis -instrumentistas que tocam músicas típicas. Eles nasceram em cerimônias de casamento. O nome é uma corruptela da palavra "marriage" (casamento, em francês e inglês). Ao redor da praça, eles abordam e praticamente arrastam os turistas para dentro das casas noturnas. O espetáculo vale a noite, mas é bom se precaver. Nessas casas uma cerveja custa cerca de sete vezes mais do que o normal. Ainda à noite, o lugar do agito é a Zona Rosa, situada ao sul do Paseo de la Reforma. Ela abriga restaurantes típicos, internacionais, casas noturnas e bares. Na estação de metrô próxima, Insurgentes, há um mural de Rafael Cauduro. Na Zona Rosa, as mesas ficam nas calçadas, e o famigerado "footing" é a principal diversão. Outro exemplo da superposição de símbolos que caracteriza a capital é a chamada praça das Três Culturas, ou Tlateloco, que traz ruínas de povos anteriores aos astecas, destes e dos espanhóis. Mas é também conhecida como praça das Três Tragédias, pois lá ocorreram uma das mais sangrentas matanças de indígenas durante a conquista, um protesto de estudantes em 68 contra a realização da Olimpíada no país, reprimido também com sangue, e, por fim, a destruição de um conjunto habitacional durante o terremoto de 1985. Texto Anterior: Museu cultua raiva contra os espanhóis Próximo Texto: Pechincha vira canção mariachi Índice |
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