São Paulo, segunda-feira, 13 de outubro de 1997
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Acapulco tem ciúme de Cancún

Balneário é vítima de furacão

SYLVIA COLOMBO
DA ENVIADA ESPECIAL AO MÉXICO

"Acapulco é mexicana, Cancún é artificial, feita para estrangeiros". Essa afirmativa cheia de orgulho e uma ponta de inveja é repetida à exaustão por taxistas, garçons e comerciantes de Acapulco, ao sul do Estado de Guerrero, na costa do Pacífico.
Nos últimos tempos, Acapulco -também conhecida como o Guarujá do Chaves- tem perdido a atenção dos estrangeiros em detrimento do sucesso de Cancún.
Hoje, a maioria dos visitantes vem do próprio México. Em 1996, a cidade recebeu 4 milhões de turistas, 3,5 deles mexicanos. O restante é formado por norte-americanos, europeus e latinos.
As cerca de 20 praias da baía têm águas agitadas. Venta muito -fato comprovado pelo furacão Pauline na semana passada-, e a areia é quente no fim do dia. Bares com decoração folclórica servem tequila e piña colada.
O lugar chama-se La Quebrada, e os "clavadistas" são homenzinhos de baixa estatura que recebem 3.000 pesos (ou cerca de US$ 400) por mês para arriscar a vida diariamente. Nunca morreu ninguém em La Quebrada, mas os saltos já provocaram um bom número de braços e pernas quebradas.
Assisti-los é um dos programas mais disputados e pode ser feito à noite, quando os saltadores se exibem segurando tochas.
Discotecas grandes e coloridas, espécies de palacetes kitsch, com néon, gases e colunas medievais, são a opção para a madrugada.
Mulher não paga em nenhuma delas, e os homens não gastam mais do que 150 pesos (cerca de US$ 20). A maioria das discotecas tem pelo menos uma das paredes inteiras de vidro, para que se possa ver a baía enquanto embriagado.
O som é composto basicamente por música latina com roupagem dance, e os seguranças dançam com o público em meio a jatos de gelo-seco recebidos com euforia.
Vá de táxi
Andar de táxi é uma ótima opção em Acapulco. São baratos e rápidos fusquinhas dirigidos por motoristas afobados e falantes.
Não é só o número de restaurantes, hotéis e discotecas que fazem de Acapulco um centro internacional. A cidade já levava a marca desde antes da entrada da globalização no vocabulário geopolítico.
Ocupado pelos espanhóis a partir de 1521 -antes disso, era habitado pelos astecas e civilizações anteriores a eles, cujos vestígios ainda podem ser vistos nas escavações arqueológicas de La Sabana, que prova o fato de a região ser habitada desde 3000 a.C.-, o lugar foi, durante o período colonial, um importante entreposto comercial entre Ásia e América.
Nos anos 30 deste século, com a construção de uma estrada pavimentada e depois da Segunda Guerra Mundial, quando o aeroporto internacional foi inaugurado, Acapulco abriu-se para o turismo internacional.
A partir dos anos 50, foi o lugar mais querido entre estrelas de Hollywood. Elizabeth Taylor e Sylvester Stallone, por exemplo, compraram casas ali.

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