São Paulo, terça-feira, 14 de outubro de 1997 |
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Documento do PC do B pede que Bill Clinton vá embora do Brasil LUIS HENRIQUE AMARAL LUIS HENRIQUE AMARAL; PATRÍCIA ZORZAN
Depois das críticas do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e do presidente do Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello -às exigências da segurança americana e aos termos de documento do governo americano sobre o Brasil-, o PC do B aprovou ontem moção contra o presidente dos EUA, Bill Clinton. A moção, aprovada por unanimidade no primeiro dia do 9º Congresso do PC do B, usa a expressão: "Go home, Clinton" (em inglês, "vá para casa, Clinton"). O congresso do PC do B reúne 800 delegados e vai até amanhã em São Paulo. Para criticar Bill Clinton, os comunistas brasileiros invocaram o fantasma do imperialismo: "A posição imperialista dos EUA frente à América Latina sempre foi pautada na prepotência e na agressividade", diz a primeira frase da moção. Na visão do PC do B, o verdadeiro objetivo da visita de Clinton seria "torpedear o Mercosul nascente" para "impedir qualquer veleidade de desenvolvimento independente dessa parte da América". O documento ainda critica as medidas de segurança propostas pelos EUA, como "mudar o horário de verão" e "desembarcar armas de guerra". As medidas refletiriam uma "preocupação histérica com a segurança do ocupante de um cargo realmente odiado pelo mundo, mas mais que isso: a deliberação de humilhar os brasileiros, de mostrar que, mesmo aqui, o império comanda e submete", diz o texto. No final, a moção arremata: "hoje, como no passado, os comunistas perfilam-se junto ao seu povo para dizer 'alto lá, imperialistas', 'respeitem-nos', 'a visita de seu chefe, nesses termos, é repelida' e, para que nos entenda melhor, repetimos o lema que no passado usamos: 'Go home, Clinton, go home"'. As críticas à visita de Clinton são reforçadas pelo presidente do PC do B, João Amazonas, 85: "Chegaram a impedir o trânsito de deputados no Congresso para a figura imperial do senhor Clinton." Apesar das críticas, o PC do B não vai organizar protestos. "O nosso congresso é mais importante", disse Amazonas. O presidente do PC do B ainda criticou o pedido de afastamento do partido feito no último dia 26 pelo deputado federal Lindberg Farias (RJ). Ele foi para o PSTU. "Se ele ainda saísse do partido para somar no arco de alianças, mas ele foi para o partido mais fechado que existe. Vocês mesmos da imprensa costumam chamar ele de PST Um", ironizou. A CUT (Central Única dos Trabalhadores) do Distrito Federal realiza hoje, em Brasília, uma manifestação contra a visita de Clinton ao país. O ato, que acontece a partir das 13h30 em frente ao Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado, será comandado pela CUT e contará com a participação de sindicatos filiados à entidade e de estudantes. "Vamos protestar contra a presença do presidente Bill Clinton e contra a política imperialista que ele representa. Abaixo o imperialismo será nossa palavra de ordem", afirmou ontem Niedja de Albuquerque, diretora de imprensa da entidade. Professores e trabalhadores da saúde serão convocados para o ato. Texto Anterior: Acordo inédito em tecnologia Próximo Texto: Iris libera utilização de fuzis e metralhadoras por seguranças Índice |
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