São Paulo, quarta-feira, 15 de outubro de 1997 |
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Pai bêbado, mãe suicida, amigo traidor
CECÍLIA SAYAD
Sua mãe (Aisiling O'Sullivan) se suicida, seu pai (Stephen Rea, de "Traídos pelo Desejo") se afoga no álcool e seu melhor amigo troca sua companhia pela do menino que Francie mais detesta na vizinhança: Philip Nugent. O início do enredo do filme "Nó na Garganta", adaptação de Neil Jordan e do escritor Patrick McCabe para as telas do livro homônimo, pode sugerir que se trata de mais uma história sobre as agruras de uma infância infeliz. Mas o que poderia ser um drama ganha contornos de comédia macabra. Pelo menos essa foi a intenção do diretor irlandês, que definiu seu filme como horror cômico. Philip Nugent, além de "roubar" o melhor amigo de Francie, tem uma mãe que dá à atribulada família Brady o adjetivo que vai perseguir Francie pelo resto de seus dias: porcos. Até que ele decide se vingar, de uma forma que faz jus ao apelido e à definição de Neil Jordan. O cômico sugerido pelo cineasta reside na forma irreverente como a história é narrada. Em tempo: os fatos são mostrados sob a perspectiva do protagonista da história, para quem o adjetivo "louco" seria um elogio. Dessa forma, um cruel assassinato e uma simples travessura são narrados com o mesmo tom. Para Francie, conversas com a Virgem Maria (interpretada pela cantora Sinead O'Connor), que vislumbra em seus momentos de solidão, são tão naturais quanto cutucar uma fonte congelada com um pauzinho. O filme de Neil Jordan procurou, segundo o próprio diretor, ser o mais fiel possível ao livro de McCabe, que o inspirou. O longa estréia nos Estados Unidos em novembro deste ano. (CS) Texto Anterior: 'Nó na Garganta' é horror cômico, diz Jordan Próximo Texto: Arte/Cidade revê ruínas sobre trilhos Índice |
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