São Paulo, quinta-feira, 16 de outubro de 1997
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Coquetel ainda é melhor terapia anti-Aids

LUCIA MARTINS
JAIRO BOUER

LUCIA MARTINS; JAIRO BOUER
ENVIADOS ESPECIAIS A HAMBURGO

Pesquisadores reunidos em congresso concordam que medicação é a mais indicada para altos níveis de HIV no sangue

A principal conclusão apresentada durante o encerramento da 6ª Conferência Européia de Tratamento da Infecção por HIV, em Hamburgo (Alemanha), é que hoje a maioria dos pesquisadores concorda que o coquetel é a melhor terapia anti-Aids para quem tem altos níveis do vírus HIV no sangue.
A grande questão continua sendo se essas drogas têm que ser dadas para todos os doentes.
"Sabemos que temos que bloquear o HIV cedo e para sempre. Mas o que temos que definir é se já dispomos das drogas corretas para iniciar cedo e com segurança, mesmo nos pacientes com baixa carga viral", disse o inglês Ian Weller, que fechou o congresso, que reuniu especialistas no assunto na Alemanha.
Prevenção
Segundo ele, a tônica da conferência de Hamburgo foi de "menos conversa sobre erradicação e mais sobre a prevenção da doença e uso de drogas pela vida toda". Weller lembrou que a melhor solução para a Aids continua sendo a prevenção da doença.
Weller disse que "não daria respostas sobre qual a melhor maneira de atacar o vírus, começando cedo ou não".
Ele citou a palestra de David Ho, considerado o pai do coquetel, que continuou defendendo o uso imediato da combinação de drogas que age na fase inicial e final da multiplicação do vírus, o chamado coquetel.
Apesar de Ho ter mantido sua posição, Weller lembrou que não há certezas sobre o que vai acontecer no futuro.
"Foi uma posição sensata", disse Marinella Della Negra, infectologista do Hospital Emílio Ribas.
Novas pesquisas
Uma séria de novas linhas de pesquisa está sendo desenvolvida para tentar melhorar a resposta imunológica dos pacientes infectados pelo vírus HIV. Weller resumiu algumas delas, apresentadas no congresso.
Vacina
Vacinas terapêuticas -que estimulam as células de defesa a se proliferarem- são umas das apostas. Na Suécia 850 pessoas já receberam esse tratamento.
As quemoquinas -substâncias que se ligam aos receptores dos CD-4, que funcionam como porta de entrada para o vírus nas células- podem dificultar a penetração o HIV.
Além disso, tentativas com terapia genética e outros vírus modificados (que serviriam como transporte para parte do HIV para o interior das células) aparecem como novas promessas para o novo século.

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