São Paulo, sexta-feira, 17 de outubro de 1997
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Flagrante cotidiano

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

No rastro da visita ianque, FHC assistia ontem às manobras dos militares brasileiros e argentinos. Assistia, não: comandava, cabelos ao vento, no tanque de guerra.
Mas o país volta ao normal. De Lillian Witte Fibe:
- Sabe que dia é hoje?
Ontem foi o dia de santa Edwiges, a padroeira dos endividados. Somam cinco milhões de brasileiros, e muitos lotaram as igrejas.
Celso Pitta, que ajudou a erguer e agora administra a dívida bilionária de São Paulo, saiu-se com esta:
- Eu faço um pedido não só a santa Edwiges, mas a todos os santos, que protejam a cidade de São Paulo.
É o Brasil voltando ao normal, às suas impudências e às suas endemias, depois das turnês dos astros João Paulo 2º e Bill Clinton.
Assim, na manchete do Jornal da Record:
- Flagrante em Brasília. Alto funcionário da Receita Federal é preso ao extorquir empresário.
Nada mais corriqueiro do que um flagrante em Brasília. E nada mais corriqueiro que o flagrado seja o alto funcionário que deveria, precisamente, flagrar os outros. Era, diz a Globo News, o chefe da fiscalização de Brasília.
Na corrente, trata-se da mesma Receita que, segundo a CBN, diz que Ronaldinho, o jogador das contas no Caribe, não colabora com a investigação de suas rendas.
Na corrente, trata-se do mesmo Ronaldinho que surgiu ontem em campanha contra a fome, no dia mundial da alimentação.
A corrente da impudência podia ser seguida sem fim nos seus anéis, nesta volta do país à normalidade.
*
- É o partido que mais cresce no Brasil.
Era um comercial do PSB, ontem, que também mostrou como faz para crescer. De Luiza Erundina a Gílson Menezes, o PSB é um refúgio de petistas banidos.

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