São Paulo, sexta-feira, 17 de outubro de 1997
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Prefeitura retira camelôs da Praça da Sé

RENATO KRAUSZ
MAURÍCIO RUDNER HUERTAS

RENATO KRAUSZ; MAURÍCIO RUDNER HUERTAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Operação anunciada pelo prefeito, que visa retirar ambulantes e meninos de rua, terminou à meia-noite

A GCM (Guarda Civil Metropolitana) e fiscais da Administração Regional da Sé retiraram ontem os camelôs da praça da Sé.
A remoção começou às 23h, depois de negociação. As barracas dos ambulantes foram removidas em caminhões para uma área próxima à estação Brás do metrô. A última barraca foi retirada por volta da meia-noite (cem no total).
Os líderes dos ambulantes diziam que não deixariam as lojas do centro da cidade abrirem hoje.
Um dos camelôs foi agredido quando resistia à retirada. Dois ambulantes foram detidos.
O administrador regional da Sé, João Bento dos Santos Filho, chegou ao local às 22h20 e reuniu os cerca de 500 ambulantes. Ele disse que não apreenderia as mercadorias, mas que eles teriam que se mudar imediatamente para o Brás.
O coronel Emílio Wagner Jorge Kourrouski, comandante-geral da GCM, disse que 500 guardas e 157 fiscais da prefeitura estavam no Anhangabaú e no viaduto do Chá desde as 21h30. Às 22h30 eles começaram a chegar à praça.
O presidente da associação dos ambulantes, Neo Marques, disse que os camelôs também queriam evitar o confronto. "Queremos resistir pacificamente."
Os ambulantes propuseram a permanência na praça com o compromisso de não montarem as barracas hoje. O administrador regional não permitiu.
Marques disse que os camelôs passariam a noite na praça, em concentração para novo protesto.
Operação
A retirada dos camelôs faz parte da operação anunciada ontem pelo prefeito Celso Pitta para "limpar" o centro da cidade com a expulsão de cerca de 2.000 camelôs, meninos de rua, mendigos e desocupados da praça da Sé.
A intenção do prefeito é transferir os ambulantes da Sé para o Brás e encaminhar os meninos de rua e os sem-teto que ocupam a praça entidades assistenciais.
"Feito o convite, eles têm o direito de aceitar ou não o encaminhamento para abrigos", afirma Pitta. "Quem resistir ficará à disposição das autoridades."
"Vamos garantir a segurança dos agentes vistores que vão tirar das ruas os ambulantes e trabalhar com a PM para tratar da dignidade dos cidadãos da rua, levando-os para albergues e hospitais", disse o comandante da GCM.
A intenção da prefeitura, anunciada por Pitta, seria revitalizar a praça da Sé. "Vamos recuperar esse cartão-postal da cidade e combater problemas vários que tentam macular essa vocação", diz. Pitta estará fora de São Paulo hoje para participar do Fórum de Governantes de Cidades Metropolitanas, em Belo Horizonte (MG).

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