São Paulo, sexta-feira, 17 de outubro de 1997 |
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Ambulantes prometem resistência
MARCELO OLIVEIRA
A resistência já começou na noite de ontem. Até as 22h, ambulantes ouvidos pela Folha afirmavam que, contrariando acordo feito com a prefeitura, não desarmariam as barracas para que fosse feita a lavagem da praça, realizada à noite, e permaneceriam no local. "Vai ter confronto. Ninguém vai tirar barraca da praça, a não ser que tenha um bom acordo", disse o camelô Aleilson Pacheco Sá, 20, funcionário de uma barraca que vende aparelhos eletrônicos. "Vai ser o maior pau. Vai ter confronto porque somos nós (camelôs) contra ele (Pitta)", prevê o camelô Marcone, colega de Sá, que não quis dizer o nome completo. Sá diz que a maior parte dos camelôs não tem condições de se colocar novamente no mercado formal. "A maioria é analfabeta. Ninguém dá emprego para a gente." Um soldado não identificado do 2º Batalhão de Choque da PM que estava ontem policiando a Sé disse que, no caso da praça, o confronto seria inevitável. "Aqui é impossível. Eles tomam conta. Vão sair quebrando o centro todo", disse o PM. "Se o Pitta quer tirar a gente daqui, ele que sustente a minha família. Ninguém vai sair da Sé e ficar sem emprego. Quem tem que ficar sem emprego é o Pitta", disse o vendedor de cigarros Marcelo Gomes, 27. O ambulante acredita que o prefeito tem atacado os camelôs para mostrar serviço. "É fácil aparecer quando se ataca um adversário fraco, que não tem como se defender", disparou. Gomes diz que trabalha desde os 7 anos e que nunca teve registro em carteira de trabalho. "Vou pagar impostos para sustentar essa raça (os políticos)?" Segundo os camelôs, o prefeito deveria ouvi-los antes de tomar qualquer decisão. "Se ele não nos ouvir, só vai estar vendo o lado dele, que é deixar a praça bonitinha", diz Sá. Texto Anterior: PM muda companhia para policiar região Próximo Texto: Tumulto marca as ações no centro Índice |
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