São Paulo, sexta-feira, 17 de outubro de 1997
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Tumulto marca as ações no centro

MAURÍCIO RUDNER HUERTAS
DA REPORTAGEM LOCAL

A última tentativa de retirada dos camelôs do centro foi ordenada pelo então prefeito Paulo Maluf, a partir de março de 96.
Segundo estimativa do ex-secretário das Administrações Regionais Arthur Alves Pinto já existiam em 96 cerca de 2.000 ambulantes na região central.
A intenção de Maluf era restringir a autorização de trabalho a 250 camelôs deficientes físicos. Ele chegou a dizer que na Sé havia um trabalhador para cada dez contraventores.
Fiscais da prefeitura tentaram impedir que os ambulantes montassem suas barracas. A proibição não durou nem uma semana.
Os camelôs promoveram passeatas e manifestações contra a prefeitura. Fiscais da regional da Sé foram expulsos da praça por cerca de 1.500 ambulantes armados com paus e pedras.
Houve uma trégua até julho, quando a prefeitura repetiu a ação nas ruas do Tesouro, 15 de Novembro, Direita, Quintino Bocaiúva e José Bonifácio.
Foi determinada a transferência dos ambulantes para o parque D. Pedro, ladeira General Carneiro e praça Fernando Costa, mas 20 integrantes do Sindicato da Economia Informal obtiveram liminar que suspendeu a remoção.
Em agosto, a prefeitura voltou a agir. Tentou retirar os camelôs do largo São Francisco, mas os fiscais foram recebidos a tiros. Um gari e um fiscal ficaram feridos.
O ambulante autor dos disparos foi preso. Ressurgiram denúncias de que os camelôs seriam coagidos a pagar "taxas" aos fiscais para não ter suas barracas proibidas.
Entre os 29 acusados de extorsão estava o então administrador regional da Sé, Victor David. Um ano depois, ninguém foi punido.
David não foi afastado do cargo em virtude das denúncias, como ocorreu com os fiscais acusados. Ele acabaria exonerado meses depois por motivos políticos, após desentendimento entre Pitta e o vereador Hanna Garib, que controla a regional da Sé.
A última ação contra os camelôs foi determinada por Pitta, na avenida Paulista.
(MRH)

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