São Paulo, sexta-feira, 17 de outubro de 1997
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Manifesto das empresas acusa 'decomposição' do transporte

DA REPORTAGEM LOCAL

As empresas de ônibus de São Paulo divulgaram manifesto criticando as administrações do atual prefeito Celso Pitta e do seu antecessor Paulo Maluf.
O manifesto afirma que, "nos últimos quatro anos, o sistema de transporte coletivo por ônibus vem passando por um processo de decomposição".
No documento, assinado pelo Transurb (sindicato dos empresários), consta que essa decomposição pode levar o sistema a um colapso econômico-financeiro.
Segundo o Transurb, "o governo municipal não dá prioridade ao transporte coletivo no uso do espaço viário".
As empresas reclamam, principalmente, da liberação das lotações, que acabaram retirando passageiros dos ônibus. "Trata-se de uma concorrência predatória e selvagem", dizem os empresários.
Segundo o Transurb, há 13 mil perueiros clandestinos em São Paulo. A prefeitura diz que são apenas 3.000.
As empresas de ônibus reclamam também a construção de vias exclusivas para ônibus (afim de aumentar a velocidade comercial), a instalação de semáforos inteligentes e uma maior sintonia entre os poderes Executivo e Legislativo.
"A comissão de Transportes da Câmara aprovou projeto que autoriza a circulação dos táxis nos corredores exclusivos, sem que a Secretaria dos Transportes tomasse posição contrária", diz o documento.
Dívidas
A principal queixa das empresas é sobre a remuneração paga por passageiro transportado. Hoje, a remuneração é a soma da passagem (R$ 0,90) com o subsídio bancado pela prefeitura (R$ 0,07).
Wilson Maciel Ramos, presidente-executivo do Transurb, afirma que o custo do sistema é de R$ 1,17 por passageiro. Há, de acordo com os cálculos das empresas, uma diferença de R$ 0,20 por passageiro.
A prefeitura diz que o custo do sistema é menor do que o divulgado pelas empresas. Seria de R$ 1,05 por passageiro.
Para as empresas, o prefeito Celso Pitta deveria adequar o sistema à sua capacidade de recursos (por otimização das linhas) ou aumentar a tarifa.
Um outro fator apontado pelos empresários são os constantes atrasos no pagamento. Segundo o presidente-executivo do Transurb, os atrasos das últimas semanas chegam a R$ 15 milhões.
"O pagamento está sempre atrasado. Parte da dívida é quitada sempre e apenas nos dias próximos aos pagamentos dos funcionários para evitar ameaças de greve", diz o documento.
Os empresários dizem que essa situação os obriga a buscar recursos em bancos para honrar compromissos, arcando com os juros "não previstos nas planilhas".
Há também, segundo eles, uma dívida de cerca de R$ 40 milhões, (referente ao período que vai de dezembro do ano passado a julho de 1997). E uma terceira dívida, de R$ 300 milhões, referente ao período de julho de 1993 a maio de 1994.

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