São Paulo, sexta-feira, 17 de outubro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Realidade inusitada sugere final infeliz

MAURÍCIO TUFFANI
EDITOR-ASSISTENTE DE CIÊNCIA

Mais por força do roteiro de Philip Eisner do que pela direção de Paul Anderson, "O Enigma do Horizonte" retoma com originalidade a forma cinematográfica da antítese entre os planos físico e biológico, presente em muitas das histórias de ficção científica.
A fórmula é quase sempre a mesma: uma abordagem física inicial, que parece prever com precisão para onde se vai, é seguida por uma avassaladora realidade biológica que ninguém sabe de onde veio e que se impõe com a força de um verdadeiro final infeliz.
Afinal de contas, mesmo que o herói da história escape vivo, ele deixa para trás algumas mortes irrevogáveis.
Assim foi em "Alien, o Oitavo Passageiro". E, com uma certa dose de exagero, o mesmo vale para "2001: Uma Odisséia no Espaço", em que a tomada de consciência, isto é, a humanização, por parte do robô Hal 9000, desencadeia toda a tragédia da missão.
Buracos de vermes
Essa fórmula, no entanto, adquire contornos especiais em "O Enigma do Horizonte". Logo no início da missão para resgatar possíveis sobreviventes da nave Event Horizon, o cientista William Weir (interpretado por Sam Neil) expõe como ela pode viajar mais rápido que a velocidade da luz, de um ponto a outro do Universo.
A explicação de Weir se baseia nos "wormholes", ou buracos de vermes, que seriam túneis que funcionariam como atalhos entre pontos distantes do Universo, que seriam aproximados com a curvatura do espaço exercida pela gravidade da galáxias.
Esses "wormholes" são também chamados de "pontes de Einstein-Rosen", por terem sido sugeridos em 1935 por Albert Einstein e Nathan Rosen. Os dois físicos conceberam esses atalhos do Universo a partir dos princípios da teoria da relatividade geral.
No plano biológico, o filme tem o mérito de apresentar uma forma de existência totalmente diferente da que compreendemos como vida. Ela é invisível, mas onipresente e capaz de causar terríveis danos aos pobres humanos confrontados com ela. Nela está a fonte de todo o terror do enredo. Nada de previsíveis monstros horripilantes.

Texto Anterior: Diretor roda 'faroeste de ficção científica'
Próximo Texto: Eastwood questiona poder do absoluto
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.