São Paulo, sexta-feira, 17 de outubro de 1997
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Estréia de Hopkins diretor é veículo para Hopkins ator

MARILENE FELINTO
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

O ator britânico Anthony Hopkins escolheu uma peça de teatro para estrear como diretor de cinema. É "Tio Vânia", do russo Anton Chekhov (1860-1904), que já foi adaptada duas outras vezes, uma delas por Louis Malle ("Tio Vânia em Nova York").
A adaptação de Julian Mitchell dirigida por Hopkins transporta a história de Chekhov da Rússia rural para a Inglaterra -para o País de Gales, terra natal de Hopkins- de fins do século 19.
Não bastasse essa mudança para descaracterizar o texto original, falta espírito chekhoviano, tensão dramática, ao filme de Anthony Hopkins.
A primeira impressão é que o grande ator de "O Silêncio dos Inocentes" queria não apenas dirigir, mas também viver um grande papel.
Daí a escolha pelo personagem interpretado por ele próprio, o atormentado e cético Vânia, chamado de Ieuan no filme.
Vânia é um cinquentão que passou a vida ajudando a família a administrar a propriedade rural onde vivem.
Num mês de agosto (o filme se chama "August", em inglês), outono europeu, Ieuan, que mora com a mãe e uma sobrinha, recebe a visita de seu ex-cunhado (viúvo de sua irmã) e da jovem mulher deste, Helen (Kate Burton).
Apaixonado por Helen, mas sem ser correspondido, Ieuan encontra na visita do casal a oportunidade para soltar ressentimentos guardados por muitos anos.
Afoga-se na bebida, isola-se ou participa da reunião familiar como um palhaço bufão, numa mistura desajustada entre drama e comédia.
A história de Chekhov é fundada em desencontros amorosos, paixões impossíveis e frustrações pessoais de toda ordem. A adaptação dirigida por Hopkins transpõe mecanicamente o enredo para a tela.
É um filme centrado nos personagens, no ritmo arrastado do cinema-teatro, feito para Hopkins aparecer, embora ele não precisasse disso. (MARILENE FELINTO)

Filme: Outono de Paixões
Produção: Inglaterra, 1994
Direção: Anthony Hopkins
Com: Anthony Hopkins, Kate Burton, Leslie Philips
Quando: a partir de hoje, nos cines Ibirapuera 3, Eldorado 6, Top Cine 1 e Belas Artes - sala Oscar Niemeyer

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