São Paulo, sexta-feira, 17 de outubro de 1997
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Mineiro ganha prêmio de R$ 25 mil

LUIZ ANTONIO DEL TEDESCO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O pintor e escultor Amílcar de Castro, 76, é o vencedor da primeira edição do Prêmio Johnnie Walker de Artes Plásticas.
O anúncio foi feito anteontem em São Paulo. O artista mineiro, que já participou de cinco edições da Bienal Internacional de São Paulo, inclusive da segunda, em 1953, receberá um prêmio-aquisição de R$ 25 mil. A obra irá para uma coleção que a Johnnie Walker deve montar na Escócia.
O carioca Eduardo Sued, 72, e a mineira Iole de Freitas, 51, ficaram com os segundos lugares. Cada um recebe R$ 15 mil, também um prêmio-aquisição.
A premiação acontece no dia 2 de dezembro, no Museu Nacional de Belas Artes do Rio, quando será aberta uma coletiva com obras dos três artistas premiados. A mostra fica até 4 de janeiro.
Na contramão dos tradicionais concursos e programas de incentivo às artes, nos quais os alvos são as revelações, o prêmio Johnnie Walker foi criado para "reconhecer as maiores contribuições dos últimos anos", explica Charles Watson, coordenador do projeto.
Além dos ganhadores, os finalistas do concurso foram Tunga, Nuno Ramos, Franz Weisman, José Resende, Paulo Pasta, Waltercio Caldas, Ernesto Neto e Jac Leirner.
Watson, artista escocês há 20 anos no Brasil, foi vice-presidente e é professor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro. "Sabemos que haverá críticas por serem artistas consagrados, mas o que é um artista consagrado se não há como reconhecer isso em termos reais?", questiona.
Ele conta que a idéia inicial da United Distillers -proprietária da marca de uísque Johnnie Walker- ao contatá-lo era fazer um salão. Mas ele acha que falta "um projeto que premie e reconheça o trabalho de peso feito no país".
Segundo Watson, "o país, seja governo ou iniciativa privada, tem de ter meios de reconhecer quem produz". Para ele, já é grande o número de salões no Brasil que premiam figuras emergentes.
Amílcar de Castro ficou surpreso com o premiação, não tanto pelo reconhecimento mas por não estar acompanhando o projeto. "Estava viajando e não sabia direito do que se tratava. Achei incentivador, mas pensava que iria ganhar umas dez caixas de uísque", disse, de sua casa, em Belo Horizonte.
Eduardo Sued estava mais por dentro. "O Amílcar era meu preferido e gosto muito da Iole. A exposição vai ser interessante, são artistas bem distintos", disse.
Sobre o fato de já serem conhecidos, argumentou: "Os velhinhos também têm certo direito, pelo insumo e contribuição".

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