São Paulo, sexta-feira, 17 de outubro de 1997
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O FUTURO DO MERCOSUL

A contenda brasileira com os EUA a respeito da Área de Livre Comércio das Américas não deve obscurecer os problemas internos do Mercosul, que o governo do Brasil luta corretamente para fortalecer.
Em 91, quando foi criado o Mercado Comum do Sul, o comércio entre Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai era de US$ 5,1 bilhões. Em 96, tinha mais que triplicado, ultrapassando os US$ 16 bilhões. Mas, após seis anos de sucesso comercial, o Mercosul enfrenta desafios institucionais suscitados pelo próprio avanço da integração econômica.
Até agora, os países do bloco têm administrado com razoável sucesso o surgimento de conflitos pontuais. A exceção aberta pelo Brasil a seus parceiros no que se refere às restrições ao financiamento de importações é disso um exemplo recente. Mas nessas questões não convém contar apenas com a boa vontade.
Cedo ou tarde, o Mercosul terá de discutir como sofisticar seus mecanismos de solução de controvérsias, eventualmente com a criação de foros multinacionais.
A problemática criação de uma indústria "maquiadora" no Paraguai é, por exemplo, um tipo de questão para a qual a agenda da integração ainda se mostra despreparada. Os paraguaios podem estar criando uma espécie de zona franca informal, com prejuízos para as indústrias dos demais países do Mercosul.
Experiências mais antigas de formação de blocos econômicos tiveram de resolver inúmeras questões intrincadas e, ainda hoje, o processo de integração não está terminado. A União Européia prevê a adoção de moeda única em 15 meses, e, mesmo sendo o resultado de um processo que já conta décadas, restam inúmeras pendências e dificuldades.
No caso do Mercosul, existe certamente um conflito de interesses com os EUA. Mas essa não é a única questão. Um verdadeiro empenho integracionista precisa enfrentar os desafios internos e definir em que termos a integração deve avançar.

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