São Paulo, sexta-feira, 17 de outubro de 1997
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BANCO NOS CORREIOS

O próprio nome, Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, já sugere um certo anacronismo na era da Internet, do fax e dos serviços privados de postagem. Modernizar os correios brasileiros, entretanto, não é apenas uma questão de nome.
Até a privatização parcial do serviço, por meio de franquias, deixa a desejar. A posse de uma nova diretoria na ECT, depois de mais uma greve, é uma oportunidade para reflexões sobre o destino da empresa.
O ministro das Comunicações, Sérgio Motta, descarta liminarmente a privatização completa do serviço. E sugere que as agências dos correios sejam transformadas em postos de captação de poupança popular. É buscar novas tarefas sem que a eficiência nas áreas de sua competência tenha alcançado padrões aceitáveis.
Isso não significa que a idéia seja ruim -já foi adotada na França e na Alemanha. No Japão, a poupança postal desempenhou um papel importante, ajudando a criar até mesmo uma cultura de provisionamento de recursos para a educação, para a habitação ou para a aposentadoria.
A diversificação dos mecanismos de captação de poupança aumentaria também a concorrência entre as instituições financeiras. E, sempre que há mais competição em um serviço, os clientes tendem a sair ganhando.
No Japão mesmo, entretanto, ficaram célebres os conflitos entre o Ministério das Comunicações e o das Finanças em torno do controle e gerenciamento dos recursos arrecadados por meio da poupança postal.
No Brasil, o debate mal começou. Seria criado, lamentavelmente, mais um banco estatal? Ou as agências, como intermediárias entre os bancos e os poupadores, simplesmente aumentariam os custos da captação? São questões complexas, ainda em aberto. Popularizar a poupança é um objetivo legítimo; usar os correios é inegavelmente um recurso válido. Mas tais medidas dependem de mais elementos além da aparente vantagem de os Correios contarem com uma vasta rede que cobre todo o país.

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