São Paulo, sábado, 18 de outubro de 1997
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Entidade recebe só 1,8% de sorteio da TV

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

A CPI da Assembléia Legislativa paulista que investiga os sorteios realizados na TV pelo sistema 0900 informou ontem que a Sociedade Pestalozzi de São Paulo recebeu apenas 1,8% do total arrecadado em sorteio que, teoricamente, foi feito para beneficiar a entidade.
O sorteio aconteceu no programa "Cidade Alerta", da Record. Telefonaram 236.210 telespectadores. Cada ligação custava R$ 3,00. O total arrecadado foi de R$ 708.630,00. A entidade filantrópica recebeu R$ 12.908,52.
"Esse negócio é melhor que montar uma quadrilha e roubar banco", afirmou José Carlos Tonin (PMDB), presidente da CPI, referindo-se às empresas que veiculam e gerenciam os sorteios.
Os jogos em que as pessoas participam telefonando para um número com o prefixo 0900 foram regulamentados por portaria do Ministério da Justiça. Seu objetivo seria criar um mecanismo para ajudar financeiramente entidades filantrópicas. Os R$ 3,00 são cobrados na conta telefônica.
A CPI tem encontrado vários casos semelhantes ao da Pestalozzi.
Mais um exemplo: sorteio realizado em nome da Creche Bento Quirino, de Campinas (SP), arrecadou R$ 1,2 milhão. A creche recebeu R$ 19.000. Esse sorteio também aconteceu na Record.
Segundo Henrique Lélis Vieira dos Santos, advogado da empresa Abba Telecomunicações, que gerencia os sorteios para a Record, a empresa repassa para as entidades assistenciais exatamente o que é determinado pela portaria do Ministério da Justiça.
A Record não quis comentar o caso. Segundo sua assessoria de imprensa, todas as informações teriam que ser dadas pela Abba.
No caso do sorteio da Sociedade Pestalozzi, a Abba recebeu R$ 105.144,69. A Record ficou com R$ 249.714,22. O cachê dos apresentadores foi, também, bem maior que o destinado à entidade: R$ 26.000. Até o prêmio sorteado superou o que recebeu a Pestalozzi, ele custou R$ 19.111,00.
"É inconcebível que o governo federal tenha autorizado essa imoral utilização dos nomes de sérias e necessitadas instituições filantrópicas para que emissoras de TV e intermediários desse negócio ilegal incrementem seu faturamento"', disse o deputado Tonin.

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