São Paulo, segunda-feira, 20 de outubro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Governo põe irmão de deputado no DNER

IGOR GIELOW
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo federal nomeou como diretor do DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem) do Amazonas Wellington Lins, um empresário que alegou estar falindo à Justiça e que já teve sua prisão decretada por não responder a um processo em que é acusado de estelionato.
É o segundo caso do gênero no ano. Flávio Góes Menicucci assumiu o distrito do DNER em Minas Gerais mesmo com sua empreiteira já falida e com cobranças judiciais de dívidas. Newton Cardoso (PMDB), prefeito de Contagem (MG), o teria indicado -supostamente em troca de votos para projetos do governo na Câmara.
A indicação de Wellington Lins foi feita pelo deputado federal Átila Lins (PFL-AM), que é seu irmão e pertence ao grupo político do governador Amazonino Mendes (PFL-AM), segundo afirmou o próprio deputado à Folha (leia texto ao lado).
Antes de assumir o cargo, Lins era o presidente da Planecom Empreendimento e Construção Ltda., uma das principais empreiteiras do Amazonas -que também atua em outros Estados da região amazônica, como o Acre.
'Estado pré-falimentar'
A Planecom é apontada por relatórios do Ministério do Planejamento como uma das empresas favorecidas com verbas da Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus) antes da reformulação da distribuição desse dinheiro, ocorrida no ano passado.
Em 1995, a Planecom realizou uma das obras consideradas "absurdas" pelo Ministério do Planejamento com verba da Suframa. A empresa recebeu R$ 9,6 milhões para fazer um calçadão no Distrito Industrial de Manaus (AM).
Em 1996, a empresa resolveu processar a Suframa para ganhar mais R$ 2,8 milhões pelo serviço -que alegava ser uma diferença a ser paga pelo órgão federal.
No dia 8 de agosto daquele ano, a empreiteira obteve uma liminar obrigando a cobrança.
Em seu pedido de liminar, a Planecom alegou estar "em estado pré-falimentar, como demonstram os protestos contra si lavrados e as inúmeras penhoras recaídas sobre o seu patrimônio, tudo a comprometer a sua continuidade como empresa solvente e economicamente saudável".
Segundo a juíza Vera Carla Nelson de Oliveira Cruz, da 2ª Vara da Justiça Federal em Manaus, a situação financeira da empresa de Lins era "estonteante". A Suframa recorreu, não pagou, e o caso ainda está na Justiça.
A Planecom continua funcionando normalmente no Amazonas. "Naquela hora havia umas dificuldades, e o meu irmão teve que fazer o xororô dele", afirma o deputado Átila Lins, que nega qualquer envolvimento com a empreiteira do irmão.
Ação
Wellington Lins também enfrenta um processo na 4ª Vara Criminal da Justiça do Amazonas.
Na ação, que recebeu o número 01196028459/96, o Ministério Público do Amazonas acusa o empresário de ter cometido estelionato na transação para contratações quando era presidente do Instituto de Previdência do Estado. O caso corre desde o dia 31 de outubro do ano passado.
Em junho deste ano, o empresário chegou a ter sua prisão decretada porque não se apresentava à Justiça. Lins foi detido no aeroporto de Manaus, mas liberado em seguida.
Em sua defesa, o empresário alega ser vítima de perseguição política e nega qualquer irregularidade. O caso também está parado, tendo sido levado para análise no Tribunal de Justiça do Estado.

Texto Anterior: Governo apura sumiço de guia
Próximo Texto: Pefelista assume indicação
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.