São Paulo, segunda-feira, 20 de outubro de 1997
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Cerco de perueiros terá 'tropa fardada'

RODRIGO VERGARA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os motoristas de lotação da cidade de São Paulo montaram um verdadeiro exército uniformizado para tentar bloquear a aprovação do projeto de lei que, na prática, extingue a atividade na cidade.
A votação acontece amanhã, na Câmara Municipal (centro da cidade), em sessão que começa às 15h, mas os perueiros começam a se concentrar em frente ao prédio do Legislativo hoje à noite, em horário não divulgado. A concentração foi decidida ontem à tarde, em assembléia realizada na zona leste.
Os manifestantes vão ao protesto organizados como um batalhão: divididos em postos hierárquicos, cada um com uniforme diferente. A mais alta hierarquia é o "líder", seguido do "coordenador" e, por último, o "perueiro". O projeto deveria ter sido votado na quinta-feira, mas a votação foi adiada devido à pressão que 2.000 perueiros fizeram em frente à Câmara.
Sem violência
Com a "militarização", as lideranças querem ter um controle maior sobre os manifestantes.
"Qualquer pessoa que incite a violência ou a anarquia deve ser detida e levada a um coordenador ou ao policiamento", orientou ontem ao microfone, durante a assembléia, o presidente da ATA (Associação dos Transportadores em Autolotação) da zona sul, Laércio Ezequiel dos Santos.
Durante o protesto, haverá cerca de 40 "líderes", 400 "coordenadores" e um número indeterminado de "perueiros", que chega a até 15 mil, segundo as associações.
As 10 mil camisetas que compõem o uniforme dos "perueiros" foram doadas às entidades por uma montadora e serão fornecidas gratuitamente aos motoristas. As entidades não permitiram a divulgação do nome da montadora.
Além desses, haverá uniformes diferenciados para identificar os 65 perueiros escolhidos pelas entidades para acompanhar a votação da tribuna da Câmara.
Hierarquia
Os "líderes" são, basicamente, diretores das entidades que representam os perueiros. Sua função será resolver os casos mais graves de indisciplina que ocorrerem durante a manifestação."São pessoas conhecidas da categoria, para evitar que estranhos prestem informação à população ou à imprensa", disse José Célio dos Santos, presidente do sindicato.
A maioria dos "coordenadores" será escolhida entre os coordenadores de linha, responsáveis, no dia-a-dia do serviço de lotação, por resolver divergências entre os perueiros de uma rota. Cada rota elege seu coordenador de linha.
A função do coordenador é identificar os "baderneiros" e levá-los à PM ou a um "líder".
Já os "perueiros" representam os motoristas sem participação "política" no movimento. Serão uniformizados para evitar que pessoas "infiltradas" no protesto causem tumultos, segundo a visão das associações e do sindicato.

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