São Paulo, segunda-feira, 20 de outubro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Camelôs do centro definem estratégia

DA REPORTAGEM LOCAL

Os camelôs do centro de São Paulo têm assembléia marcada para hoje às 9h em frente ao Teatro Municipal.
Segundo Néo Marques, presidente-executivo da Atasp (Associação dos Trabalhadores Ambulantes de São Paulo), os 6.700 ambulantes do centro estão convocados para a assembléia.
Os camelôs vão decidir qual será a estratégia da categoria para enfrentar a prefeitura, que, na noite da quinta-feira passada, retirou os ambulantes que tinham barracas na praça da Sé e ainda mantém planos de remover camelôs de outros pontos do centro.
Marques afirmou que os 300 ambulantes da Sé vão se encontrar na praça hoje cedo, pouco antes da 9h, e seguirão em caminhada até o teatro, onde se reunirão com camelôs de outros pontos do centro.
"Queremos ser recebidos pelo Celso Pitta (prefeito de São Paulo)", disse Marques.
Segundo ele, os ambulantes devem realizar hoje passeata de protesto pelo centro da cidade, como fizeram na semana passada, o que pode provocar o fechamento do comércio regular e atrapalhar o trânsito em algumas ruas.
Os camelôs não aceitam a decisão da prefeitura de retirá-los da Sé e mandá-los para uma área próxima à estação Brás do metrô.
Eles querem permanecer na Sé e dizem que um arquiteto ligado à categoria vai fazer um projeto de remodelação de suas barracas.
Segundo Marques, esse projeto transformará as barracas dos camelôs em quiosques padronizados, com funcionamento 24 horas.
Para atrair turistas, disse Marques, estará previsto também a colocação de banheiros na praça, posto médico e a criação de um esquema de segurança.
"Vai ser um projeto altamente técnico, de modo que a prefeitura não terá como recusá-lo", disse Marques.
A prefeitura, no entanto, não está disposta a permitir a volta do comércio ambulante à Sé.
A Guarda Civil Metropolitana informou que vai manter 180 seguranças na praça para impedir o retorno dos camelôs.
Um projeto maior da prefeitura prevê, até o final do ano, a remoção de todos os ambulantes do centro para 15 camelódromos que serão criados.
Marques é contra o projeto da prefeitura, pois parte das vagas dos camelódromos será destinada para ambulantes deficientes físicos ou com mais de 60 anos.
"A prefeitura quer dividir a categoria e jogar um camelô contra o outro. Já tem gente trabalhando em alguns desses locais e não há espaço para todo mundo nos camelódromos."

Texto Anterior: Categoria pede apoio de passageiro
Próximo Texto: Educadores defendem reforço escolar
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.