São Paulo, segunda-feira, 20 de outubro de 1997
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Diretor de "Ou Tudo ou Nada" considera brasileiros vaidosos

ADRIANE GRAU
ESPECIAL PARA A FOLHA,

em San Francisco
Desempregados, gordos e impotentes não costumam ser tema de filme. Muito menos de filmes de sucesso. Mas contando a história de um grupo de metalúrgicos que resolvem fazer strip tease para sobreviver, em "Ou Tudo ou Nada", o diretor estreante Peter Cattaneo garantiu a maior surpresa de bilheteria entre filmes independentes deste ano nos Estados Unidos.
Feito por US$ 2,5 milhões, o filme, participante da mostra, rendeu US$ 20 milhões nos dois meses em que está em cartaz nos EUA.
Cattaneo, 30, recebeu a reportagem da Folha em San Francisco, antes da estréia do filme. Arriscando um fraco português, ele disse que escolheu o Nordeste brasileiro para descansar, depois de ter terminado o longa, no ano passado. Ele e a namorada, Julia, passaram o Carnaval em Olinda. "Foi surreal, não acabava nunca", diz ele.
Lembrando que a ousadia de "Ou Tudo ou Nada" é revelar as inseguranças de homens preocupados com a imagem, o diretor afirmou que ficou impressionado com a obsessão dos homens brasileiros com a forma física. "Todos são vaidosos e bronzeados. É engraçado, parece que todo mundo tem um lado John Travolta."
Segundo ele, o filme revela uma tendência mundial de vaidade masculina que passa desapercebida. "Estamos começando a ouvir falar sobre homens anoréxicos ou viciados em academia."
Durante a pesquisa para o filme, ele assistiu a um show de strip tease masculino em Sheffield, cidade industrial no norte da Inglaterra, onde a história se passa.
"Quando entrei no bar, as mulheres começaram a mexer comigo, dizendo que minhas calças iam desaparecer, e vi que poderia fazer um filme importante a respeito do fenômeno."
O passo seguinte foi contratar a coreógrafa Suzanne Grand, ex-striper que ganha a vida ensinando homens a dançar.
O elenco inclui Robert Carlyle, o mesmo de "Trainspotting". Os seis atores principais ofereceram, segundo Cattaneo, resistência em ficar nus na frente de 300 mulheres, na cena final. "Combinamos que eu contaria até cinco a partir do momento em que eles mostrassem tudo, mas só me deram uma chance e não repetiram a cena", afirma o diretor, deixando o final em suspenso.

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