São Paulo, segunda-feira, 20 de outubro de 1997
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Livro proporciona painel curioso

ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O livro "Dança no Brasil", de Ida Vicenzia, que a Funarte e a produtora e gravadora Atração lançam em São Paulo amanhã, é um preâmbulo sobre o que poderia ser gerado em termos de bibliografia sobre dança no Brasil.
Apenas um registro visual, gerado a partir de arquivos públicos, cumpre a função de documentar e revelar (com limites) que a dança brasileira tem uma breve história antes do aparecimento de grupos como o Corpo e o Stagium.
Embora muito pouca gente tenha ouvido falar, foi a russa Maria Olenewa, contemporânea de Anna Pavlova, que inaugurou a primeira escola de dança clássica no Brasil, no Rio de Janeiro, em 1927.
Ou seja, foram necessários quase 300 anos para o balé chegar ao Brasil, considerando que seu aparecimento se deu na França em meados do século 17, na corte do rei Luis 14.
Para os que nunca viram qualquer imagem de Olenewa, o livro "Dança no Brasil" inclui uma foto histórica da mestra.
Nascida em Moscou em 1896, Olenewa se suicidou em 1965 (segundo registros, por causa de uma doença que a impediria de lecionar).
Embora curta, a história da dança no Brasil é pontuada de personagens fascinantes, prontos para serem devidamente explorados em livros.
É o caso por exemplo de Eros Volúsia, uma espécie de Isadora Duncan latino-americana, incompreendida nos anos 30 por causa da ousadia de suas apresentações.
Sobre tais personalidades, o livro que está sendo lançado faz menções superficiais, apenas com a pretensão de resgatar uma memória pronta para ser estudada com mais profundidade.
Como ponto de partida ou documento visual genérico, "Dança no Brasil" cumpre sua função, proporcionando um painel curioso.
Além de representar uma fonte de consulta, o livro propõe iniciar a nova geração num universo quase inexplorado. Por isso, deveria ter merecido uma revisão mais cuidadosa, uma vez que no texto de abertura há nomes de coreógrafos grafados incorretamente.

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