São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 1997 |
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Grupo inglês compra a Freios Varga Lucas adquire 66% das ações ARTHUR PEREIRA FILHO
A Varga deve vender à multinacional inglesa 66% das ações ordinárias (com direito a voto) da empresa. O valor da operação não foi divulgado. A Lucas Varity, que fatura US$ 7,5 bilhões por ano, é sócia da Varga desde 1971 e já detém 34% do capital votante da empresa, como parte de de um acordo para transferência de tecnologia. "A Varga e a Lucas iniciaram entendimentos para a transferência do controle acionário", diz Miguel Guazelli de Araujo, presidente da Varga. Ele prevê que o negócio seja fechado até o final do ano ou início de 98. Decisão estratégica A venda foi uma "decisão estratégica" da família Varga, que controla a empresa. "Ela chegou à conclusão que seria melhor que a Varga passasse para o controle de um fornecedor global", afirma Guazelli. A Varga é uma empresa rentável. No ano passado, faturou US$ 277 milhões, teve lucro líquido de US$ 8,7 milhões e fez investimentos de US$ 29 milhões. A Freios Varga é uma das últimas grandes empresas brasileiras de autopeças que permaneciam sob controle do capital nacional. A Cofap, outra gigante do setor, foi comprada esta semana pela italiana Magneti Marelli, do Grupo Fiat. No ano passado, a Cofap, associada ao grupo alemão Mahle e ao Bradesco, havia comprado a Metal Leve. No primeiro semestre deste ano, as vendas da Varga, que tem sede em Limeira (SP), cresceram 17,5%, resultado bem acima da média do setor, que registrou alta de 4,8% no faturamento. A empresa tem cerca de 2.300 funcionários e exporta 26% de tudo o que produz. Os principais clientes externos são General Motors, Ford e Chrysler, dos EUA. Possui cinco fábricas no Brasil, duas em parceria com empresas estrangeiras. A SM Sistemas Modulares, de Taubaté (SP), é uma joint venture com a norte-americana Dana. A Varga Ferodo, que fica em Iracemápolis (SP), é uma parceria com a inglesa Turner & Newall. A empresa, que também possui uma fábrica na Argentina e outra nos EUA, produz sistemas ABS, freio a disco, freio a tambor, pastilhas e fluidos para freio. Fim de ciclo A compra da Varga pela Lucas Varity praticamente fecha o ciclo de aquisições de empresas nacionais do setor de autopeças por grandes grupos internacionais. Com a abertura do mercado brasileiro e a globalização da produção automobilística, os fornecedores das montadoras na Europa e EUA foram convocados a se instalar aqui para fabricar peças para os carros mundiais. Para ficar perto do cliente, esses fornecedores compram empresas brasileiras ou se associam a elas. Todos os principais grupos mundiais já estão com um pé no país. Ontem, a Delphi, o maior fabricante de autopeças do mundo, e a NSK, do Japão, anunciaram em Tóquio a formação de joint venture para produzir rolamentos em São Paulo. O primeiro cliente será a GM brasileira. Texto Anterior: Crise na Ásia faz Bolsa despencar 8,15% Próximo Texto: Venda da indústria cai 18%, mas é maior do que a de 1994 Índice |
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