São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 1997
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Chef francês cozinha para os paulistanos

JOSIMAR MELO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Os paulistanos vão ter um raro privilégio entre os próximos dias 8 e 11 de novembro, quando estará na cidade o chef de cozinha francês Alain Ducasse, o mais discutido da atualidade e um dos melhores do mundo.
O cenário para a celebração é o restaurante da boate O Leopolldo. Uma mesa nos restaurantes dirigidos por Ducasse na França requer reservas com semanas de antecedência, e suas refeições são pagas com altas somas.
Aqui também é necessário correr para fazer uma reserva, para pagar R$ 250 por pessoa -vinhos incluídos. Uma parte da renda será doada para instituições de caridade.
Vale a pena? Em São Paulo, longe de seus fogões (embora escoltado por mais três chefs de sua brigada), será preciso pagar para ver.
Mas na França, comer os pratos de Alain Ducasse é uma experiência necessária.
O chef mais premiado
Não por acaso, o francês se tornou, em 1990, aos 33 anos de idade, o mais jovem chef a ganhar as três estrelas do guia "Michelin" -o que aconteceu no restaurante Le Louis 15, do hotel de Paris, em Monte Carlo.
Ousado e frenético, apesar da aparência pacata e quase tímida, em 96 ele resolveu assumir também o restaurante de Paris que pertencia ao melhor cozinheiro do mundo, Joel Robuchon, que se aposentou -isso, acumulando as funções que já tinha em Monte Carlo. E sem abandonar, diga-se de passagem, a orientação da cozinha de seu próprio hotel na Provence, La Bastide de Moustiers...
O guia "Michelin" cassou-lhe uma estrela do Le Louis 15, mas lhe deu três em Paris.
Acumulando cinco estrelas, Ducasse é o mais premiado chef da França. Isso, fazendo duas cozinhas muitos distintas: a provençal, lá no sul, uma cozinha simples e da terra (mas executada de maneira magistral), e outra mais clássica, em Paris.
A principal qualidade de Ducasse é a de ser um artista capaz de dar um toque de gênio à simplicidade. Por isso, seu cardápio pode parecer ingênuo (como os pratos que servirá em São Paulo -veja quadro abaixo), quase incompreensível para quem espera um show pirotécnico de alta cozinha.
Em Monte Carlo (onde, ao contrário do que pensa o guia "Michelin", reside o melhor de sua arte), pratos aparentemente tão singelos já provaram ser pequenas obras-primas.
Nem sempre a arte culinária se repete quando se está longe de casa -mas não custa torcer para que em São Paulo Ducasse esteja no melhor de sua forma.

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