São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 1997
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Ducasse diz estar aberto a influências

JOSIMAR MELO
ESPECIAL PARA A FOLHA

No debate que se trava na França entre os chefs sobre a influência nociva ou progressista de cozinhas vindas de outros países, Alain Ducasse declara não ter nenhum tipo de preconceito e estar aberto a todas as influências.
Em vias de embarcar para Nova York (para participar do festival de vinhos Wine Experience) e dividido entre os três restaurantes de que cuida e duas reuniões simultâneas, ele falou à Folha por telefone, na noite de anteontem, ditando suas respostas a sua assistente, Marion Walsh.
Bem a cara do "workaholic" Ducasse. Leia a seguir os principais trechos da entrevista.
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Folha - Como o senhor resumiria as diferenças entre os dois restaurantes onde é chef de cozinha?
Alain Ducasse - A cozinha no Alain Ducasse em Paris é completamente diferente da que eu proponho no Le Louis 15, em Mônaco. Em Paris, faço uma cozinha que homenageia as regiões da França, com produtos vindos de todas elas.
É uma cozinha ao mesmo tempo tradicional (com pratos da tradição francesa) e contemporânea, na medida em que utilizo minha filosofia, que, em resumo, é realçar os produtos e seus sabores.
Em Mônaco, costumo trabalhar com a sensibilidade da cozinha mediterrânea, com os ingredientes locais, sempre buscando realçar cada sabor.
Folha - Qual dessas cozinhas o senhor vai mostrar no Brasil?
Ducasse - Uma síntese das duas. Escolhi um menu especial com o melhor de cada uma delas.
Folha - O senhor concorda com a opinião de alguns chefs de que a cozinha francesa está ameaçada pelas influências estrangeiras?
Ducasse - Acho as cozinhas de outros países muito interessantes. Gosto de viajar e aprender com novos produtos e técnicas.
Quando vou à Ásia, por exemplo, adoro visitar mercados como o de Hong Kong, onde há produtos extraordinários.
Acho importante nos inspirarmos nessas cozinhas, guardando, ao mesmo tempo, nossa identidade culinária. Na realidade, estou sempre aberto para tudo. Todas as influências culinárias que podem ser descobertas pelo mundo me interessam.
(JM)

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