São Paulo, sábado, 25 de outubro de 1997
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Igreja de 261 anos é reaberta

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pirenópolis, 20 mil habitantes, cidade histórica de Goiás a 165 km de Brasília, vai ganhar população extra neste final de semana para festejar o restauro de um dos mais importantes monumentos da arquitetura colonial.
Os ministros Sérgio Motta (Comunicações) e Francisco Weffort (Cultura) e o porta-voz da Presidência da República, Sergio Amaral, passam os dias de hoje e amanhã na cidade para entregar a primeira etapa de restauro da igreja de Nossa Senhora do Rosário, 261 anos, maior construção em taipa de pilão no Centro-Oeste.
A igreja começou a ser construída um ano depois da fundação do arraial de Meia Ponte, em 1731. Foi com esse nome que nasceu Pirenópolis, no apogeu do ciclo do ouro. Tombado em 1941, o templo católico chegou a ser o maior edifício do Estado de Goiás.
A riqueza artística da igreja rivaliza desde o início da obra, em 1732, com a história trágica da sobrevivência arquitetônica do edifício. O fim das obras, no final do século 18, coincidiu com o esgotamento da riqueza da mineração e o empobrecimento da região.
A igreja estava tão deteriorada no início do século 19, que, em 1838, o telhado inteiro ruiu sobre o altar-mor. A igreja tem um retábulo de madeira entalhada, dourada e policromada. A policromia é à base de água e o dourado é executado em folha de ouro brunido. O retábulo mede 8,5 m de altura por 3,8 m de largura.
Weffort vai à cidade por motivos óbvios -o restauro é um trabalho minucioso do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Motta vai comprazer-se no papel do mecenas a quem Pirenópolis agradece pelos R$ 875 mil investidos pela Telebrás nas obras.
O porta-voz Sergio Amaral é mais do que um visitante. Tem casa na cidade e faz do silêncio das ruas, cachoeiras e passeios de bicicleta à sombra da serra de Pirenópolis o refúgio nos finais de semana. Weffort e Motta vão ganhar títulos de cidadãos-honorários.
Um concerto de música barroca, com a cravista Maria Lúcia Nogueira, de São Paulo, e o flautista Ricardo Kanji, hoje à noite, marca o fim da restauração externa da igreja. Amanhã, ministros e população fazem uma caminhada pelos sítios históricos acompanhados da banda Phenix.
Uma das tarefas mais delicadas foi enfrentar "zoológico" que habitava a igreja. Cupins, abelhas, morcegos, pombos e corujas aninhavam e reproduziam-se nas torres, nas taipas e no emboço.

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