São Paulo, domingo, 26 de outubro de 1997
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Atrito com Judiciário é antigo

ROGÉRIO SIMÕES
DO ENVIADO ESPECIAL A SANTA CRUZ DO RIO PARDO

As ações contra o "Debate" fazem parte de um atrito entre o jornal e o Judiciário de Santa Cruz do Rio Pardo. Os dois lados admitem o conflito, mas ambos dizem que são vítimas de perseguição.
Sérgio Fleury Moraes diz que o Judiciário local se indispôs com o semanário em 1991, devido a uma reportagem sobre um caso conhecido como "escândalo Erisoja".
O juiz Antônio Magdalena registrou em sua ação que o "Debate" teria começado a persegui-lo depois que ele aceitou uma denúncia de crime eleitoral contra Moraes, em caso ocorrido durante a campanha para prefeito de 1992.
Nos últimos cinco anos, as relações do jornal com o juiz se deterioraram rapidamente. Em setembro de 1993, o promotor Carlos Rinard chegou à comarca.
Quando o jornalista foi condenado à prisão, em 1994, o semanário publicou texto em que narra o que chamou de "ódio de Antônio Magdalena contra o 'Debate"'.
Moraes diz que, quanto ao promotor, o relacionamento foi bom no início. "Eu acho que ele foi influenciado pelo juiz", diz.
"O Sérgio publicou uma matéria me chamando de neófito (principiante) e filhote da ditadura", diz o promotor Carlos Rinard. "Disse apenas que ele fazia parte de uma geração de filhotes da ditadura, é diferente", rebate Moraes.
Tanto Magdalena quanto Rinard negam que tenha havido corporativismo no processo, julgado pelo juiz Osny Bueno de Camargo, colega de Magdalena na comarca.
O prefeito da cidade, Clóvis Teixeira Coelho, acredita que a decisão no caso do "Debate" fica influenciada pelo corporativismo. "Teria que haver outro órgão com competência para julgar isso."
Segundo Coelho, quando envolve membros do Judiciário, o trabalho da imprensa tem mais dificuldades. "Cutucar o prefeito fica barato, cutucar o juiz é caro."
(RS)

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