São Paulo, domingo, 26 de outubro de 1997
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Vagas não recuperam perdas da década

FERNANDO RODRIGUES; VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar do saldo positivo de 318.422 empregos formais criados de janeiro a agosto deste ano, esse aumento da oferta de trabalho é insuficiente para compensar as perdas registradas nesta década.
Segundo dados do Ministério do Trabalho, o mercado formal de trabalho cortou 2.086.089 vagas formais de janeiro de 90 até agosto deste ano.
Esses 2,1 milhões de empregos a menos na economia são agravados pelo fato de o mercado ter recebido uma avalanche de novos trabalhadores na década de 90.
A População Economicamente Ativa (PEA) pulou de 64.467.981 trabalhadores em 90 para 74.138.441 hoje, segundo os últimos dados disponíveis do IBGE.
Esses 9.670.460 trabalhadores tiveram mais sorte de conseguir um emprego se procuraram ocupação no mercado informal, sem ter a carteira assinada. O mesmo destino teve parte dos 2,1 milhões que perderam emprego desde 90.
O principal rombo no mercado de trabalho formal no país aconteceu no início dos anos 90, depois da posse do presidente Fernando Collor de Mello.
Collor assumiu a Presidência da República em 15 de março de 90. O corte de vagas formais de trabalho em 90, 91 e 92 foi de 2.149.684.
Isso ocorreu principalmente porque o país passou pelo seu período mais agudo de abertura econômica. As empresas não estavam adaptadas à concorrência externa. Além disso, houve recessão.
Depois de Collor, veio o período de Itamar Franco na Presidência, em 93 e 94. Nesses dois anos consecutivos, o país assistiu a uma recuperação moderada das vagas de trabalho formal.
Sob a administração Itamar Franco, 428.622 vagas com carteira assinada foram abertas.
Entre outras medidas tomadas pelo governo Itamar, se destacou a decisão de fomentar a produção de carros populares. O presidente defendeu, inclusive, a retomada da fabricação do Fusca, que estava desativada pela Volkswagen. Essas medidas serviram para reativar um pouco a indústria do país.
Mas essa pequena recuperação foi anulada com a posse de Fernando Henrique Cardoso, em janeiro de 95. Desde que FHC é presidente, houve uma redução de 365.027 empregos formais. Mas há uma tendência de diminuição no ritmo de cortes.
No seu primeiro ano de mandato, em 95, FHC observou uma redução de 412.151 vagas no mercado formal. Em 96, a queda foi menor: 271.298 vagas. Até agosto deste ano, há um crescimento de 318.422 postos de trabalho. Nos últimos meses do ano, é esperada uma redução na abertura de vagas formais. O governo acredita, porém, que essa redução não deve ser tão acentuada como nos anos anteriores.
(FR e VC)

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