São Paulo, domingo, 26 de outubro de 1997
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Ex-metalúrgico virou lavador de carro

CLAUDIA VARELLA
DA AGÊNCIA FOLHA, NO ABCD

Depois de trabalhar por 15 anos como operador de máquinas na Maxion Iochpe, em São Bernardo, Salomão Dantas da Silva Santos, 38, o Serrinha, sobrevive hoje lavando carros na rua.
Ele foi demitido há dois anos, seis meses antes de a empresa de autopeças fechar as portas em São Bernardo (Grande São Paulo) e se mudar para Canoas (RS).
"O mercado para os metalúrgicos continua fechado e ainda por cima tem a idade. Dizem que uma pessoa com 38 anos já é considerada velha para o trabalho."
Com apenas o primeiro grau completo, Serrinha diz já ter feito diversos cursos de reciclagem no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. "Estou sempre ligado ao movimento. Ainda vou a assembléias para ficar por dentro. Estou de olho se 'pingar' alguma coisa."
Após ser demitido, ele chegou a enviar currículo para outras empresas da região, sem sucesso. Serrinha decidiu, então, comprar um aspirador de pó e uma máquina para lavar carro.
"Tinha idéia de lavar os carros na casa das pessoas, mas não consegui formar clientela. Vim para a rua", diz Serrinha, que lava, em média, cinco carros por dia. "Se estiver chovendo, não dá nada."
Ele ganha de R$ 400 a R$ 500 por mês. Na Maxion, seu salário era de R$ 900 e sua carga horária era de 8 horas diárias. Lavando carros, trabalha de 9 a 12 horas por dia.
Serrinha mora com a mulher e três de seus cinco filhos em dois cômodos nos fundos da casa de uma parente. "É um sufoco danado", disse o baiano de Ilhéus.

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