São Paulo, domingo, 26 de outubro de 1997
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Governo muda cálculo para contar vagas

VALDO CRUZ; FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério do Trabalho resolveu mudar sua metodologia para contabilizar as vagas formais de trabalho que são criadas ou eliminadas mensalmente.
Por força da lei 4.923, de 1965, todas as empresas no país devem informar ao governo quando contratam ou demitem alguém. Esses números vão para o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Em um trabalho de checagem entre os dados dos ministérios do Trabalho e da Fazenda, os técnicos detectaram empresas que constavam dos dados sobre emprego formal e que não funcionavam mais.
O governo já levava em conta, parcialmente, esses casos -empresas que fecham mas não comunicam esse fato ao Ministério do Trabalho. Para compensar, não computava os dados de uma empresa nova quando ela fazia a primeira comunicação sobre suas contratações.
Essa empresa entrava nos cálculos apenas a partir da segunda notificação ou no final do ano, quando era incluída na Relação Anual de Informações Sociais (Rais), outra obrigação legal das empresas.
A partir do trabalho de checagem de dados, o Ministério do Trabalho decidiu eliminar as empresas que já não constavam mais dos arquivos do Ministério da Fazenda.
Em contrapartida, os técnicos refizeram as contas de 1996 e 1997 incluindo as empresas que fizeram sua primeira comunicação de contratação ou demissão no mesmo mês do comunicado.
Isso acabou provocando uma mudança no número de vagas formais de trabalho do Ministério do Trabalho. Os dados das empresas fora de operação eram menores do que os das novas.
O ministério decidiu refazer seus cálculos no início deste ano. O último levantamento divulgado tinha sido referente ao ano de 96.
Apesar da mudança, os resultados seriam positivos também pelo formato antigo. Pelo método novo o país ganhou 318.422 postos de trabalho formal até agosto. Com o cálculo que será abandonado, o número seria de 250.402.
Apesar de considerar ter tomado a decisão correta, o ministro do Trabalho, Paulo Paiva, teme ser acusado de estar manipulando dados para favorecer o governo.
"Não queremos isso. Vamos continuar a divulgar os números pelas duas metodologias por algum tempo. Assim como devemos refazer os cálculos pela metodologia nova para os anos passados, até 90. Isso vai permitir que as pessoas que acompanham esse tipo de informação não tenham uma quebra do fornecimento de dados", disse Paulo Paiva à Folha.
O ministro afirmou ainda que teve a preocupação de consultar acadêmicos especializados para discutir a mudança. Segundo ele, a alteração foi aprovada.
(VC e FR)

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