São Paulo, domingo, 26 de outubro de 1997
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Entenda como é medido o desemprego

VALDO CRUZ; FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Há vários índices que calculam o desemprego no Brasil. Seus resultados são diferentes porque usam métodos distintos e se aplicam a regiões específicas do país.
O mais importante a ser notado é que o país não dispõe de um índice global de desemprego. Não há instituição, estatal ou privada, que faça hoje um levantamento em todos os Estados.
No caso dos dados do Ministério do Trabalho que a Folha divulga hoje, não se trata de um índice de emprego e desemprego.
"A nossa pesquisa reflete o que está acontecendo no setor formal da economia. Os dados representam cerca de 80% do emprego formal", explica Daniel Oliveira, secretário de Políticas de Emprego e Salário do Ministério do Trabalho.
O secretário destaca, por exemplo, o caso de São Paulo. O Dieese e o IBGE apontam aumento nas taxas de desemprego na Grande São Paulo, enquanto a pesquisa do Ministério do Trabalho registra nos últimos meses uma pequena elevação do emprego formal.
Ele explica que os dois institutos, em seus levantamentos, levam em conta a força de trabalho que está entrando no mercado ou aqueles que estão à procura de uma vaga. Pessoas que, até agora, não conseguiram emprego e são consideradas desempregadas.
"Já o nosso levantamento mostra somente como está o emprego formal. Quem entrou e quem saiu. O seu resultado sinaliza que o emprego com carteira assinada está crescendo, mas não no patamar necessário para absorver a mão-de-obra disponível no mercado", diz Oliveira.
Não há uma estatística confiável sobre qual é a divisão exata do trabalho no país -entre os que têm carteira assinada e os que trabalham informalmente, sem registro ou por conta própria.
Uma das maneiras de medir a informalidade é pelas contribuições ao INSS. Em 90, 49,9% dos trabalhadores empregados não contribuíam -esses eram, supostamente, informais ou trabalhavam por conta própria. Em 95, o percentual dos que não contribuíam subiu para 56,9%.
Os dados do Ministério do Trabalho são muito próximos da realidade sobre vagas formais. Para contabilizá-los, o governo recebe informações de todas as empresas do país. O universo total de empresas é de aproximadamente 1,5 milhão. Em agosto, 374 mil firmas relataram admissão ou demissão de funcionários.
A seguir, uma breve descrição dos dois principais índices de desemprego do país:
1) IBGE - A autarquia federal calcula o desemprego coletando dados em seis regiões metropolitanas: Recife (PE), Salvador (BA), Belo Horizonte (MG), Rio (RJ), São Paulo (SP) e Porto Alegre (RS).
A taxa apurada pelo IBGE para o mês de agosto foi de 6,42%.
Nas seis regiões metropolitanas de onde são coletados os dados, a PEA (População Economicamente Ativa) é de apenas 17,382 milhões. A PEA total do Brasil é de 74.138.441 (segundo os últimos dados disponíveis, de 95);
2) Seade/Dieese - A Fundação Seade e o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos) fazem um índice considerando um universo mais amplo do que o IBGE, mas pesquisam apenas a região da Grande São Paulo.
O índice Seade/Dieese considera a população acima de 10 anos (desde que a pessoa já tenha trabalhado ou procurado emprego).
A última taxa divulgada pelo Seade/Dieese foi de 16,3%, para o mês de setembro. Foi a maior desde quando a pesquisa começou a ser feita, em 85. Esse percentual equivale a 1,409 milhão de pessoas desempregadas.
(VC e FR)

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