São Paulo, domingo, 26 de outubro de 1997
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Zen toma conta da arquitetura

Feng Shui, ciência chinesa, chega ao Ocidente

CLEIDE FLORESTA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Ocidente está se rendendo a mais um dos mistérios orientais. Depois da acupuntura, é o Feng Shui -técnica milenar chinesa voltada para arquitetura e decoração de ambientes- que começa a ser difundido pelo mundo.
Segundo seus ensinamentos, o simples posicionamento da cama no quarto ou do lixo ao lado do fogão pode interferir no fluxo de energia no imóvel e, consequentemente, desequilibrar algum aspecto da vida dos seus moradores.
O Feng Shui (pronuncia-se "fong suei") interfere em oito áreas da vida do ser humano: trabalho, espiritualidade, família, prosperidade, sucesso, relacionamento, criatividade e amigos.
Uma construção com base no Feng Shui (confira projeto na pág. 7-2) tem os cômodos da casa localizados em sua respectiva área de interesse, como orienta o ba-gua (leia texto nesta página).
O uso de elementos como água, cristais, pedras e flores pode fazer com que uma determinada área tenha melhor desempenho, dependendo de como são dispostos nos ambientes.
Segundo Liliana Passera, 58, médica-fitoterapeuta, a energia é a matéria básica do Feng Shui e deve estar sempre em movimento. "Parada, ela é nociva à saúde."
Mas, como a maioria das casas não é construída sob os princípios do Feng Shui, há as chamadas curas, capazes de reverter eventuais problemas da construção.
A disposição dos móveis e a colocação de objetos podem fazer com que o "chi" -energia vital que existe nos ambientes e nas pessoas- circule melhor.
Segundo os profissionais ouvidos pela Folha, essas técnicas, se bem trabalhadas, podem proporcionar às pessoas, além de bem-estar emocional e financeiro, uma mudança no astral da casa.
Os profissionais cobram, em média, R$ 300 por uma consultoria, que implica a análise da planta da casa e sugestões de correções.
Para o arquiteto Sig Bergamin, 44, o Feng Shui já pode ser visto como uma nova tendência na arquitetura. "Não dá para saber se vai ficar, mas é uma onda."
Bergamin compara o Feng Shui à medicina preventiva chinesa. "Acredito em tudo e acho que ele pode ajudar." Nos seus projetos, o arquiteto tem usado a técnica, quando solicitado. Mas, para isso, contrata especialistas.
Já o arquiteto Jun Okamoto, 67, professor de arquitetura da Universidade Mackenzie e da Faculdade de Belas Artes de São Paulo, afirma que a aparição do Feng Shui no Ocidente é muito recente e as informações ainda são insuficientes. "É preciso achar uma relação com a nossa cultura; caso contrário, será só mais um modismo."
Para ele, os preceitos do Feng Shui estão muito ligados aos chineses, povo que enfrentou guerras e por isso tinha a necessidade de se proteger. "Aqui as coisas são diferentes." Em suas aulas, ele aborda superficialmente a ciência chinesa.

Onde encontrar - Jun Okamoto: (011) 259-2059; Liliana Passera: (011) 829-0086; Sig Bergamin: (011) 881-1657.

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