São Paulo, domingo, 26 de outubro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Extremismo argelino nasceu em 32

IGOR GIELOW
DO ENVIADO ESPECIAL

O fundamentalismo islâmico como forma de se fazer política, algo que assusta o Ocidente, não é um fenômeno recente na Argélia nem surgiu unicamente inspirado na Revolução Islâmica do Irã (1979).
Ele começou a ser elaborado pelo xeque Abdelahamid ibn Badir (1889-1940), um intelectual muçulmano que vivia em Argel.
Em 1932, ele fundou com outros colegas o Jamiat el-Ulama el-Muslimeen el-Jazirine, ou Associação de "Scholars" Muçulmanos da Argélia. O grupo introduziu a possibilidade do estudo da charia, as leis cotidianas do islamismo, na política. Ibn Badir viria a publicar "Bases do Governo no Islã", no qual advogava a estrita observância dos preceitos do Alcorão (livro sagrado muçulmano) na administração pública.
Mas defendia, em princípio, uma democracia -não a ocidental, obviamente, mas uma forma de governo que tivesse respaldo popular. "Mesmo que se planeje governar de acordo com a charia, a tomada à força do poder não é aceitável", escreveu.
A FIS (Frente Islâmica de Salvação), em sua página na Internet (www.fisalgeria.org), apregoa o mesmo para eventuais olhares ocidentais sobre seu programa de governo -que, no papel, renega a "instalação de uma teocracia".
Seu líder, Abassi Madani, 66, está sob custódia domiciliar em sua casa em Kouba, a 10 km de Argel. Ele foi solto da prisão há quatro meses, no processo de reaproximação do governo com a FIS.
(IG)

Texto Anterior: Imprensa foi monitorada
Próximo Texto: Por que Nova York é um sucesso
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.