São Paulo, domingo, 26 de outubro de 1997
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Empresário-empregado dribla tempo

SIMONE CAVALCANTI

SIMONE CAVALCANTI; MONICA FAVERO
DA REPORTAGEM LOCAL

Assalariados que abrem negócio próprio sem abandonar antigo emprego têm de conciliar horários

Patrões ou empregados? Os dois. Eles são donos do próprio negócio, mas também levam bronca do chefe no trabalho e recebem contracheque no final do mês.
Os empresários-empregados formam um grupo de empreendedores que investe na abertura de uma empresa sem jogar o antigo emprego para o ar.
O ponto comum a todos é a constante luta contra o relógio, para tentar conciliar os dois papéis.
Como a dedicação ao negócio próprio não pode ser exclusiva, o microempresário tem de saber gerir seus horários para que os problemas não se misturem.
"Para a jornada dupla dar certo, é melhor resolver as questões da microempresa fora do horário comercial", afirma Antonio Canterucci, 39, bancário e franqueado da rede Fran's Café, em São Paulo.
"As coisas mais urgentes eu resolvo na hora do almoço." Mesmo otimizando os horários, Canterucci conta que já chegou a virar noites trabalhando em sua loja.
Desistir de uma das duas ocupações? "Nem pensar. Mesmo que o negócio dê certo, quero investir em minha carreira no banco."
Frederico Daguer Abdalla, 25, despachante aduaneiro e dono de restaurante, concorda. Apesar de as duas atividades ocuparem 16 horas de seu dia, ele diz que não planeja deixar o emprego para assumir só seu lado empresário. "Vale a pena, mesmo tendo responsabilidades em dobro."
"Às vezes, durmo só cinco horas por noite, mas não me arrependo de ter aberto o negócio", diz Edson Carmo, 44. Até as 17h, ele é gerente financeiro de uma montadora. Depois, transforma-se no dono de um bar, em São Paulo.
Mas os desafios não dizem respeito somente aos horários. Muitos enfrentam problemas no trabalho porque há empresas que exigem dedicação exclusiva.
Também há empresários-empregados que levam a dupla jornada, por garantia, enquanto o negócio não decola. É o caso do empresário José Bráulio Neves, 32.
Supervisor de informática, ele decidiu montar uma empresa de prestação de serviços na área. Mas conciliou as duas funções por poucos meses. "Quando o número de clientes aumentou, decidi ficar só com o meu negócio", conta.

Colaborou Monica Favero, do Banco de Dados

LEIA MAIS na pág. 9-02

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