São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 1997
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Congresso discute uso da TV educativa

PRISCILA LAMBERT
DA REPORTAGEM LOCAL

O 2º Congresso Internacional de Televisão e Educação, realizado na semana passada, em São Paulo, trouxe diferentes práticas experimentadas em diversos países na utilização da televisão como instrumento de educação à distância.
A experiência do Estado americano de Nebraska, num país onde os Estados são independentes em relação aos esforços educativos, mostra resultados positivos.
Nos últimos seis anos, as atividades de educação à distância por sistema de satélite no Estado aumentou de 52 horas mensais para mais de 2.000 horas.
A responsabilidade pela programação é da Nebraska Educational Telecommunications, TV educativa que trabalha em parceria com a Universidade de Nebraska. Os programas da emissora são dirigidos para alunos de pré-escola a pós-graduação.
A maioria das escolas estaduais recebem os sinais por antena parabólica. Aquelas que não são equipadas para isso recebem fitas de vídeo com os programas gravados e pagam apenas o custo da fita.
"Pesquisas realizadas no Estado mostram que a penetração dos programas educativos é muito grande", diz Luis Peón-Casanova, diretor e produtor da emissora.
Segundo ele, 25% dos recursos são provenientes da venda de fitas de vídeo educativas, que também são requisitadas por outros Estados americanos. A emissora recebe ainda auxílio financeiro dos governos estadual e federal, da Universidade de Nebraska, e de usuários -pagamento voluntário de quem recebe os sinais do canal.
"Nebraska é um Estado essencialmente agrícola. Não temos profissionais suficientes para levar a educação a todos os lugares. O ensino à distância é a solução."
Em outro extremo está a experiência por que passa a Bolívia. Com cerca de 70% da população situada no campo, alto índice de analfabetismo e falta de recursos financeiros, a iniciativa privada tenta superar os obstáculos e criar sistema de educação à distância.
O projeto, denominado "Escola em Imagem", consiste em utilizar os alunos do último ano de comunicação social da Universidade Privada de Santa Cruz de La Sierra para produzir programas educativos para as escolas.
A idealizadora e diretora do projeto é a jornalista e educadora Irma Leytón Martínez, que durante oito anos dirigiu uma emissora privada no país. "É um duplo benefício: oferecemos o processo prático de produção aos alunos de graduação e usamos o resultado para erguer a educação, que está falida no país."
O projeto prevê a realização de 48 programas inicialmente. Até agora, foram feitos oito.
A universidade recebeu uma proposta de patrocínio da Unesco. "Mas o dinheiro só será liberado se o governo resolver autorizar a concessão de um canal de TV para que possamos transmitir nossos programas", diz Irma.
Segundo ela, os programas estão sendo realizados com recursos escassos. "Cada um custou, em média, US$ 700. São simples, mas com criatividade e bom conteúdo educativo", diz.

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