São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 1997
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Venda da Varga deve aumentar os lucros

LUIZ CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Freios Varga, que está sendo vendida para a indústria inglesa Lucas Varity, sem dúvida vai sair ganhando com seus novos donos, um gigante do setor com faturamento anual de US$ 7,5 bilhões. Mais complicado é saber se esses benefícios serão partilhados pelos acionistas minoritários.
Essa é a avaliação de analistas de investimentos ouvidos pela Folha, que decidiram manter a recomendação de compra para os papéis da empresa negociados na Bovespa.
Um investidor que estiver pensando em comprar Freios Varga não deve esperar o rendimento de uma Telebrás ou de uma empresa do setor de energia, que, por estarem em processo de privatização, concentram a atenção e os recursos dos investidores.
Até sexta-feira, as ações PN (Preferencial Nominativa, que têm preferência na distribuição dos lucros) da Varga valorizaram 36% no ano. O Ibovespa, no mesmo período e fortemente influenciado por Telebrás, subiu 64%, segundo a Economática.
Outro problema do papel, de acordo com os analistas, é a liquidez estreita dos negócios na Bolsa paulista: em média são movimentados R$ 150 mil.
Já a perspectiva de lucro é boa. No ano passado, o lucro líquido registrado foi de US$ 7,9 milhões. A estimativa da corretora Síntese é que o lucro cresça para US$ 15,1 milhões neste ano. A do Bozano, Simonsen, de US$ 13,3 milhões.
André Silva, do Bozano, diz considerar a empresa "fantástica". Para ele, a compra pela Lucas deve funcionar para alavancar os negócios da empresa tanto no Brasil como nas suas unidades no exterior.
A ressalva que ele faz é com relação ao acesso dos acionistas minoritários às informações da empresa. "Há o risco de o acesso ficar mais difícil", diz Silva.
André Gelfi, analista da Síntese, destaca os investimentos realizados pela empresa nos últimos anos com o objetivo de modernizar suas unidades e enfrentar a concorrência externa.
A participação da nova controladora na história da Varga vem de 1969, quando foi fechado um acordo de transferência de tecnologia. Em 71, a Lucas adquiriu 34% do capital da empresa.
Para Gelfi, a empresa poderá agora aumentar sua produção e com isso fazer frente ao aumento da demanda da indústria automobilística.
Com relação aos compromissos da Lucas Varity com os acionistas minoritários, Gelfi diz considerar que há o risco de mudanças na forma de distribuição dos lucros. Considera um risco que o investidor deve levar em conta.
A atenção dos investidores deve ser redobrada inclusive pelo fato de as ações da Freios Varga na Bolsa paulista não possuírem a liquidez de uma "blue chip".

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