São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 1997
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Área petroquímica tende a se concentrar

MAURICIO ESPOSITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Na atual onda de investimentos, associações, aquisições e polêmicas observada na indústria petroquímica do Brasil, é dado como certo que resultarão desse processo empresas cada vez maiores e um mercado ainda mais concentrado.
O antigo modelo existente no setor, onde o Estado tinha participação relevante e o mercado interno era protegido, deu lugar à prevalência da iniciativa privada e à abertura às importações.
Agora, segundo analistas ouvidos pela Folha , ocorre uma segunda etapa na reestruturação do setor, onde as empresas se verticalizam e buscam ganhar escala.
O economista Luciano Coutinho, em um estudo sobre o setor, afirma que a competitividade na indústria petroquímica requer "indubitavelmente empresas de grande porte".
Segundo ele, a explicação está na necessidade que o setor tem de capital intensivo, de garantia de suprimento de matéria-prima, de especialização da produção e de investimentos pesados em inovações tecnológicas.
Na avaliação de Armando Guerra, presidente da Unipar, uma das grandes empresas do setor, a tendência é que se formem no futuro dois grandes grupos nacionais petroquímicos.
Com isso, em sua avaliação, o mercado representado pelos países formadores do Mercosul estaria sendo disputado por três grandes grupos petroquímicos: os dois nacionais mais a gigante norte-americana Dow Química.
A multinacional, atuante no Brasil há 40 anos, firmou ainda mais a sua posição ao adquirir, em um processo de privatização, o pólo petroquímico de Baia Blanca, na Argentina, em parceria com a YPF, ex-estatal argentina do setor
O braço petroquímico do grupo Odebrecht já é o maior conglomerado nacional do setor e não nega que traçou planos para fortalecer e ampliar essa liderança.
Em 20 anos, o grupo Odebrecht já investiu pouco mais de US$ 1 bilhão no setor petroquímico, entre ampliações de plantas industriais e aquisições parciais ou integrais de empresas. O faturamento anual do grupo na área química é de cerca de US$ 1,8 bilhão.
Segundo Alexandrino de Alencar, diretor de marketing da Odebrecht Química, aproximadamente de US$ 300 milhões a US$ 400 milhões poderão ser investidos pelo grupo nos próximos anos.
A Dow Química, considerada a grande concorrente da Odebrecht no Brasil, promete investimentos no país da ordem de US$ 300 milhões até o ano 2000.
O grupo Suzano, que produz resinas termoplásticas por meio de duas empresas (Politeno e Polibrasil Resinas), também tem intenção de se fortalecer no setor, afirmou o diretor Adhemar Magon.
"Temos interesse em assegurar fornecimento de matéria-prima para nossas indústrias de polietileno e polipropileno", afirmou.
A Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química e de Produtos Derivados) afirma que a petroquímica de primeira geração, que produz a matéria-prima para a indústria de resinas a partir da nafta fornecida pela Petrobrás, deverá receber pesados investimentos nos próximos anos.
A Copesul, central petroquímica do pólo de Triunfo (RS), vai investir US$ 540 milhões para quase dobrar a capacidade de produção de eteno, a principal matéria-prima para a fabricação de resinas.
Além disso, segundo a entidade, existem os investimentos previstos para duas novas centrais petroquímicas, a de Paulínia (Odebrecht, Ultra e Petrobrás), no interior paulista, e o pólo gás-químico do Rio (Suzano, Unipar, Mariani e Petrobrás).

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