São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 1997
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Governo aponta abstenção de até 70%

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

As autoridades colombianas prevêem abstenções de até 70% nas eleições para governadores, prefeitos, conselheiros e vereadores realizadas ontem. O baixo índice de comparecimento se deve às ações dos grupos de esquerda do país, buscando sabotar o processo que vêem como "distorcido e manipulado pelas oligarquias".
A abstenção deve ser mais aguda nos municípios afastados dos grandes centros do país, áreas onde a atuação das guerrilhas é mais intensa.
Mais de 1.900 candidatos, de um total de cerca de 42.000, foram forçados a desistir de concorrer, mais de 200 foram sequestrados e cerca de 40 mortos pelos grupos de esquerda. Apesar de as eleições estarem correndo formalmente em todos os 1.071 municípios colombianos, mais de cem deles não têm candidatos.
Os ataques ocorrem sob a coordenação das duas maiores guerrilhas do país, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), a mais antiga, e o Exército de Libertação Nacional (ELN).
As Farc convocaram uma "total sabotagem" das eleições. O ELN chamou os eleitores a não apoiar "qualquer representante da burguesia, já que eles não representam os interesses do povo".
Ontem, carros foram incendiados e estradas bloqueadas em meio ao que os guerrilheiros chamam de "greve armada" -várias áreas dos Departamentos de Santander, Caquetá, Putumayo, Meta e Cundinamarca foram afetadas.
Em Santander (leste), quatro fiscais eleitorais foram sequestrados. No Departamento de Meta (também no leste), um helicóptero que transportava delegados eleitorais foi atacado -não houve vítimas, mas o início das votações foi adiado em cinco municípios. Nos últimos dias, diversas bombas de pequena potência explodiram em locais ligados ao processo eleitoral.
Nem mesmo a intensificação da ação militar conseguiu deter os ataques, que incluem o sequestro, na última quinta-feira, de dois delegados da Organização dos Estados Americanos (OEA), o chileno Raúl Martínez e o guatemalteco Manfredo Marroquín, enviados para monitorar as eleições.
'Calma generalizada'
Apesar das aparente violência e tensão, Gilberto Echeverri, ministro da Defesa, afirmou que o clima era de "calma generalizada". Segundo ele, registraram-se apenas "incidentes isolados".
O presidente Ernesto Samper fez ontem em Bogotá, capital da Colômbia, apelo para que a população compareça às urnas. "A democracia está em jogo hoje. Eu espero que os colombianos usem seu direito de voto porque os votos são as balas que a democracia usa para vencer suas diferenças", afirmou.
Os apelos pela paz não partem apenas das autoridades.
Ontem, os mais de 20 milhões de eleitores colombianos podiam depositar seu apoio à paz nas urnas de todo o país. Cerca de 500 organizações, tais como sindicatos, cooperativas, colégios e grupos governamentais, lançaram o chamado "voto verde". Um pedaço de papel verde deve ser depositado pelo eleitores nas urnas junto com seu voto em um protesto pela paz.

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