São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 1997 |
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Árvores viram condomínios de pássaros
MARISTELA DO VALLE
Sua preservação é um dos desafios do Sesc Pantanal, pois, ao menor ruído estranho, como o de vozes humanas, as aves se assustam e saem em revoada, podendo derrubar ovos e filhotes. Cada espécie procria em determinada época do ano, e, em alguns momentos, duas ou mais se misturam no ninhal, tornando o espetáculo mais belo. Casais de tuiuiús -a ave-símbolo do Pantanal- fazem os ninhos isolados dos demais indivíduos da mesma espécie, comportamento diferente dos biguás, baguaris, garças e cabeças-secas, segundo o pantaneiro José da Silva Rosa, 38. "Os tuiuiús só se juntam para comer." No mês passado, uma pesquisadora européia, que preferiu não se identificar, analisava o comportamento dos cabeças-secas, anotando todas as vezes que os adultos alimentavam os filhotes. Para isso, chegava a ficar dez horas por dia sozinha no meio do mato, onde chegava de barco. "Uma vez, o barco escapou e quase fiquei sem transporte para voltar", conta, lembrando que teve de nadar para pegar a embarcação. A pesquisadora também identificava quando e por que os filhotes chamam os pais. O tipo de barulho e a forma como abrem o bico definem se a pequena ave pede comida, água ou proteção contra predadores. "É difícil se concentrar no trabalho", conta. Principalmente quando há sucuris e onças passeando pela região. "Não tenho medo. Penso que esses animais não se aproximarão de mim porque fico parada." A pesquisa será apresentada como trabalho de formatura na faculdade da Europa em que ela estuda biologia. A pesquisadora esteve no Pantanal pela primeira vez no ano passado. Na época, pensou em estudar as ariranhas. "É um projeto que deve ficar para o ano que vem, talvez para o doutorado." (MV) Texto Anterior: Pescador é estranho no ninho Próximo Texto: Hidrovia está mergulhada em polêmica Índice |
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