São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 1997
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Bonito mostra beleza azul da cor do rio

CIBELE BARBOSA
ENVIADA ESPECIAL A BONITO

Bonito, pequena cidade do Mato Grosso do Sul -distante 330 km de Campo Grande-, é uma prova que o turismo preocupado com a ecologia pode ser lucrativo, tanto para o meio ambiente quanto para quem vive dessa atividade.
A cidade tem belezas naturais incomparáveis, como cachoeiras, grutas e matas, com características semelhantes às do Pantanal.
A influência da serra da Bodoquena, uma formação geológica de rocha calcária, é responsável pela limpidez das águas.
O calcário dissolvido nos rios faz com que as partículas de impurezas permaneçam no fundo dos leitos, conferindo uma tonalidade azulada às cachoeiras, corredeiras e áreas alagadas das grutas.
Com isso, piscinas naturais de águas frescas e cristalinas se transformam em aquários naturais.
A fama de paraíso preservado nasceu há pouco mais de quatro anos, quando a cidade foi descoberta pelo turismo ecológico.
Toda visita aos pontos turísticos é controlada pela prefeitura. A nascente do rio Sucuri -com sua grande variedade de peixes ornamentais de diversas cores- recebe no máximo 80 pessoas por dia.
A gruta do lago Azul pode ser visitada por, no máximo, 225 pessoas diariamente. Ela é tombada pelo governo como patrimônio natural e é objeto de pesquisas.
Até os fazendeiros, que antes exploravam e viviam da pecuária extensiva, aprenderam que investir no ecoturismo não é mau negócio.
A fazenda da Barra criou o Projeto Vivo, com o objetivo de explorar a agropecuária em harmonia com a natureza.
Metade dos 600 hectares da fazenda é utilizada como pastagem. A outra metade é destinada à preservação ambiental, com projetos ecológicos, como reciclagem de papel e educação.
A viagem
Para chegar a Bonito é melhor ir até Campo Grande. A única linha de ônibus que liga Bonito a Campo Grande sai da capital do Mato Grosso do Sul às 15h. Quem preferir pode utilizar os traslados com vans ou aviões monomotor.
Em Bonito, os hotéis criaram pacotes cujos preços podem variar de R$ 230 (duas noites) a R$ 560 (quatro noites).
Todos os passeios da cidade são controlados pelas agências de turismo. Os preços das atrações variam de R$ 3 a R$ 25.
Para conhecer qualquer lugar em Bonito, é preciso se inscrever em uma das 19 agências de turismo da cidade e contratar um guia local.
Uma boa refeição pode ser feita em restaurantes no centro pagando-se apenas R$ 4.
Bonito tem atividades para todos os gostos e níveis de aventura.
Os rios Sucuri, Formoso, do Peixe e da Prata são verdadeiros espelhos de águas cristalinas e de tonalidade azulada. Nesses rios, é possível navegar em botes ou bóias individuais e praticar mergulho.
Outra atividade para os que buscam emoção são as trilhas no meio da mata e a descida em cavernas.
Aqueles que querem mais adrenalina devem experimentar os mergulhos em profundidades de até 30 metros em algumas grutas e cavernas, como a Mimoso e a da lagoa Misteriosa.
A Secretaria do Turismo local pretende fazer com que a arrecadação com o turismo ultrapasse, até o ano que vem, o montante gerado pela pecuária, ainda a principal atividade econômica.
"Temos projetos de investir cada vez mais no turismo ecológico, sem deixar de preservar a natureza", diz Lilian Borges Rodrigues, diretora da secretaria.

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