São Paulo, terça-feira, 28 de outubro de 1997
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Banco Central minimiza efeitos da crise

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Banco Central, Gustavo Franco, disse ontem, por meio de sua assessoria, que a queda na Bovespa é um fenômeno "restrito à Bolsa", que ocorreu devido a uma excessiva valorização anterior das ações.
Pela previsão do BC, as reservas em dólar do governo crescerão em US$ 1 bilhão neste mês.
O BC procurou minimizar a influência da crise de Hong Kong na Bolsa brasileira.
Por sua argumentação, as cotações das ações negociadas na Bolsa estavam altas demais -e os investidores decidiram trabalhar com cotações mais realistas.
"Ninguém está imune a esse tipo de contaminação. Mas o que está acontecendo é uma correção de ativos", disse a assessora de imprensa do BC, Sílvia Faria.
A assessora de imprensa disse ainda que os investidores estão realizando lucros.
Risco globalizado
Já o Ministério da Fazenda e o Palácio do Planalto deram maior destaque à influência da crise asiática na queda da Bolsa brasileira.
"Nós convivemos num mundo integrado e o que acontece em algumas partes do mundo pode ter efeito em outras partes. É como um lago, em que se joga uma pedra num lugar e isso provoca um movimento na água, que chega até à beira desse lago", disse o porta-voz Sergio Amaral.
O ministro da Fazenda, Pedro Malan, avalia que o Brasil não está imune aos efeitos da queda na Bolsa de Valores de Hong Kong e o melhor exemplo disso foram os resultados de ontem nas Bolsas brasileiras.
A informação foi transmitida por sua assessoria de imprensa.
Ataque especulativo
Segundo a assessora de imprensa do BC, "houve um ataque especulativo restrito à Bolsa, sem contaminação nos juros e no câmbio".
A instituição informou que não aumentou o fluxo de dólares para o exterior e que os investidores estrangeiros não retiraram recursos da Bolsa.
Segundo a assessora de imprensa, na semana passada o BC não teve que vender dólares. O banco, pelo contrário, teria comprado moeda estrangeira, devido à entrada de recursos para privatização.
Ela informou que a projeção do BC de aumento nas reservas em moeda estrangeira se apóia, entre outros fatores, na privatização da CPFL, uma das companhias energéticas de São Paulo, que ocorre na semana que vem.
Segundo ela, hoje o BC dá um novo sinal de que vai manter a política de câmbio, ao promover um leilão de R$ 2 bilhões em títulos corrigidos pelo câmbio.
Pânico
O ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega disse que não há uma explicação para a queda verificada ontem.
"Foi um movimento de pânico em proporções mundiais que não pode ser explicado racionalmente", afirmou.
Algumas pessoas venderam ações no Brasil e em outros países para obter lucro enquanto outras fizeram isso apenas para evitar prejuízo, disse Nóbrega. O ex-ministro trabalha hoje como associado da Trend Consultores.

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