São Paulo, quinta-feira, 30 de outubro de 1997
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Primeira vez de estudantes do Rio ocorre antes dos 13

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Doze anos e oito meses é a idade média da primeira relação sexual do estudante carioca, revela pesquisa recém-concluída pela Uerj (Universidade do Estado do RJ).
Patrocinada pelo Programa das Nações Unidas para o Combate ao Uso de Drogas em parceria com o Ministério da Saúde, a pesquisa expõe o sexo precoce aliado a um dado preocupante: 21,1% dos entrevistados quase nunca ou nunca usam preservativos.
Para a diretora do Nepad (Núcleo de Estudos e Pesquisas em Atenção ao Uso de Drogas) da Uerj, Maria Thereza de Aquino, programas e propagandas de televisão têm responsabilidade na precocidade da iniciação sexual.
"A mídia está estimulando muito a sexualidade. A criança e o adolescente ficam motivados com os programas e anúncios comerciais. Fora a pornografia na Internet, cujo acesso é livre", disse ela.
Psiquiatra e professora da Uerj, Maria Thereza criticou os programas de TV, em que apareceram mulheres nuas e cenas de sexo.
"Eles passam licenciosidade para os mais novos. Ficam competindo para ver quem mostra mais baixaria", disse ela, em referência à briga por audiência no domingo entre os programas de Faustão (Globo) e Gugu (SBT).
Participaram da pesquisa, concluída neste mês pelo Nepad, 2.465 estudantes de 1º e 2º graus de 33 escolas das zonas norte, sul e oeste do Rio. Eles responderam a questionários de maneira anônima.
A pesquisa procurou apurar o consumo de drogas pelos estudantes e os níveis de conhecimento sobre Aids e outras doenças sexualmente transmissíveis.
Os dados serão a base de programa de prevenção ao uso de tóxicos a ser elaborado pelo Nepad.
As descobertas sobre a sexualidade precoce dos alunos surgiram a partir das questões relacionadas ao número de parceiros.
O fato de 12 anos e 8 meses ser a idade média da primeira relação revela que há casos de crianças praticando sexo com 10 anos.
Nos últimos seis meses, 15% dos alunos tiveram mais de quatro parceiros. A maioria (56,6%) teve só um parceiro.
O desconhecimento sobre as doenças sexualmente transmissíveis é outra descoberta da pesquisa: a maioria dos entrevistados desconhece a existência de sífilis (55,9%), herpes (41,2%), condiloma (83,1%), cancro (84,4%) e tricomoníase (63,7%).

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