São Paulo, quinta-feira, 30 de outubro de 1997
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Dados sobre danos não batem

DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS; DO ENVIADO ESPECIAL A MANAUS

Quando o assunto é a Amazônia, o governo e as ONGs (organizações não-governamentais) divergem, apresentando números diferentes sobre danos provocados ao meio ambiente.
Exemplo disso acontece nas pesquisas sobre desmatamento apresentadas na reunião dos participantes do PPG7 (Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil), em Manaus.
O presidente do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), Eduardo Martins, responsabilizou os pequenos proprietários rurais por 40% dos desmatamentos verificados na região.
As ONGs Grupo de Trabalho Amazônico e Amigos da Terra consideraram os dados do governo equivocados.
Números sem credibilidade
"Os números estão desprovidos de credibilidade por resultarem de pesquisa de amostragem encomendada pelo Bird (Banco Mundial) ao Ipam (Instituto de Pesquisa da Amazônia)", afirmou Roberto Smeraldi, ativista da organização Amigos da Terra.
O engenheiro florestal Écio Rodrigues, integrante do CTA (Centro dos Trabalhadores da Amazônia), argumentou que uma pesquisa por amostragem realizada no Estado do Acre constatou que os pequenos proprietários são responsáveis por 10% dos desmatamentos -e não 40%, conforme afirma o Ibama.
"Nenhuma amostragem pode ser aplicada genericamente à Amazônia", disse Rodrigues.
O presidente do CNS (Conselho Nacional dos Seringueiros), Atanagildo Matos, considerou uma "irresponsabilidade" a divulgação dos números do Ibama.
"É necessário que a elaboração de dados seja democratizada pelo governo para que haja confiabilidade", declarou o líder dos seringueiros.

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